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Cidade do México - Ciente de que a questão cubana dominará boa parte de suas conversas na Cúpula das Américas, Barack Obama passou a bola para o campo do regime castrista. Foi uma tentativa de aliviar a pressão dos líderes latino-americanos pelo fim do embargo econômico imposto pelos EUA à ilha há 47 anos.

Ontem, o presidente americano disse que cumpriu as promessas de campanha ao eliminar as restrições de envio de dinheiro, de viagem e de comunicações entre cubano-americanos e seus parentes em Cuba.

Agora, afirmou, os EUA esperam um sinal similar de distensão do governo dos irmãos Castro. Se isso acontecer, disse Obama, "poderemos ver um avanço no descongelamento das relações e mais mudanças’’. "Nós tomamos um importante primeiro passo’’, disse Obama. "É sinal de que queremos ir além da mentalidade da Guerra Fria que existe há 50 anos. E tenho esperança de que veremos alguns sinais de que Cuba quer reciprocar.’’

Num tema que seria repisado pela secretária de Estado, Hillary Clinton, em várias entrevistas ao longo do dia, ele mencionou a libertação de presos políticos, liberdade de expressão e de viagem. Ela citou "abertura’’, mas nenhum dos dois falou em eleições.

Obama chegou mesmo a responder crítica de Fidel Castro, que cobrou o fim do embargo e disse que Cuba não precisava de esmolas. "Ninguém espera que Cuba implore, mas esperamos sinal de que vai haver mudanças em como Cuba opera.’’

O tom de Obama destoa do de seu antecessor, George W. Bush, que via o regime castrista como um inimigo a derrotar. Aos poucos, o democrata desmonta as políticas para o país que tinham como premissa a "mudança de regime’’.

Entre elas está a chamada Comissão de Assistência para uma Cuba Livre, órgão do Departamento de Estado criado por Bush em 2003 para "cuidar da transição de Cuba para a democracia’’. Seu coordenador deixou sem alardes a Chancelaria americana.

"Caleb McCarry, indicado pelo presidente Bush para ser o coordenador para a Transição de Cuba, deixou a comissão no fim de 2008. Ele não foi substituído’’, disse à reportagem um funcionário do Departamento de Estado. "A comissão era iniciativa do governo passada. Seu futuro papel e status estão sendo revistos.’’

Encontro com Chávez

Na entrevista à CNN, Obama também disse esperar encontrar "interesses comuns’’ com o colega venezuelano, Hugo Chávez, com quem se encontrará pela primeira vez na Cúpula das Américas.

Ontem, o venezuelano já deu a entender que o tom não vai ser tão amistoso. Apesar de a Venezuela já ter ratificado o documento final, Chávez afirmou que, "junto com outros países’’, vetará a declaração final da Cúpula das Américas. Insatisfeito com a ausência de Cuba do evento, ele também não teria concordado com o trecho que reconhece o "importante papel’’ da OEA para solução de divergências.

"Não temos grandes expectativas para a Cúpula das Américas. Há uma declaração difícil de assimilar. Está totalmente deslocada no tempo e no espaço, como se o tempo não tivesse passado’’, disse Chávez, em Cumaná (400 km a leste de Caracas).

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