Audiência ficou silenciosa durante discurso de Barack Obama no Parlamento da Turquia| Foto: Adem Altan / AFP Photo

O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, em sua primeira visita a um país com população de maioria islâmica, declarou nesta segunda-feira (6) na Turquia que os EUA "não estão e nunca estarão em guerra com o Islã".

CARREGANDO :)

Ao pedir por maior parceria com o mundo islâmico em um discurso no Parlamento da Turquia, Obama disse que o país é um "importante aliado" dos EUA em muitas áreas, incluída a luta contra o terrorismo. Obama devotou grande parte do discurso pedindo uma melhor relação entre norte-americanos e muçulmanos, ao retratar grupos como a Al-Qaeda como extremistas que não representam a vasta maioria dos islâmicos.

"Deixem-me dizer isso tão claro quanto eu puder: os EUA não estão e nunca estarão em guerra com o Islã. Na realidade, nossa parceria com o mundo islâmico é crucial, para fazer com que desapareçam ideologias violentas que pessoas de todas as fés rejeitam", disse Obama.

Publicidade

Obama tenta reparar as relações com o mundo islâmico, abaladas após os ataques terroristas de 11 de setembro de 2001 da Al-Qaeda contra os EUA.

O discurso de Obama foi transmitido por duas redes de televisão do mundo árabe, a Al-Jazira e a Al-Arabia.

"A relação da América com a comunidade islâmica não será baseada somente na oposição ao terrorismo. Nós buscamos um engajamento mais amplo, baseado nos interesses e respeito mútuos", disse Obama.

Obama discursou durante 25 minutos no Parlamento da Turquia. A audiência ficou silenciosa durante o discurso, exceto por alguns aplausos.

Genocídio armênio

Publicidade

Mais cedo, Obama defendeu sua afirmativa de 2008 de que os turcos otomanos conduziram grandes matanças de armênios em 1915, mas evitou usar a palavra "genocídio".

Durante a campanha presidencial de 2008, Obama disse: "o genocídio armênio não é uma alegação, mas um fato documentado amplamente, apoiado pela maioria das provas históricas".

O governo do Império Otomano, antecessor da Turquia, país não árabe e de maioria islâmica, tem sido acusado de ter matado 1,5 milhão de armênios durante a I Guerra Mundial (1914-1918). O governo da Turquia nega o genocídio e afirma que milhares de muçulmanos também foram mortos na época.

O presidente da Turquia, Abdulla Gul, reafirmou nesta segunda que muitos muçulmanos turcos foram mortos na mesma época. Gul disse que historiados e não políticos deveriam decidir como classificar os eventos trágicos que aconteceram naquela época.

No discurso desta segunda, Obama disse que os EUA apoiam de maneira total o amplo restabelecimento das relações entre a Turquia e a Armênia. Ele também notou que os EUA "ainda lutam contra os legados de escravidão e segregação e o tratamento dispensado no passado aos nativos americanos."

Publicidade

Obama também pediu à Turquia que ajude Israel e os palestinos a viverem "lado a lado, em paz e segurança".

Em conversações com Gul e o primeiro-ministro turco, Recep Tayyip Erdogan, Obama disse que a Turquia é "um parceiro estratégico crucial dos EUA, não apenas no combate ao terrorismo, mas para desenvolver relações econômicas, culturais e políticas que permitirão a prosperidade a ambos os países e eu acredito, a toda a região e ao mundo."

Protestos

Pelo menos 20 pessoas protestaram contra a presença de Obama no Parlamento da Turquia, na frente do edifício. Os manifestantes da esquerda turca gritaram "yankee, vai embora" e "EUA assassinos". A polícia dispersou rápido os manifestantes e deteve alguns.

Em algumas outras cidades turcas também ocorreram protestos contra a visita de Obama. Em Istambul, pelo menos 16 ativistas turcos do Greenpeace foram detidos, após terem instalado uma bandeira enorme em uma ponte, na qual pediam a Obama que "salve o clima pela paz". As informações são da Associated Press.

Publicidade