O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, disse hoje que a quarta rodada de sanções ao Irã, aprovada no Conselho de Segurança (CS) da Organização das Nações Unidas (ONU), envia uma mensagem clara ao país persa, mas não fecha as portas para a diplomacia. "Essa resolução imporá as sanções mais duras já enfrentadas pelo governo iraniano e envia uma mensagem indiscutível sobre o compromisso da comunidade internacional para interromper a disseminação de armas nucleares", afirmou.
Obama falou pouco após a aprovação das novas sanções. "O voto de hoje demonstra os custos crescentes que virão com a intransigência iraniana", disse o líder norte-americano. "Eu quero ser claro: essas sanções não fecham a porta para a diplomacia. O Irã continua a ter a oportunidade de seguir uma trilha diferente e melhor."
Já o presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, afirmou que as sanções serão "jogadas na lata do lixo". Teerã diz ter apenas fins pacíficos em seu programa nuclear, mas potências lideradas por Washington temem que o país busque secretamente armas nucleares. Ahmadinejad disse que as sanções "não têm a capacidade de prejudicar os iranianos".
A chanceler alemã, Angela Merkel, elogiou a aprovação das sanções no CS da ONU. O vice-premier de Israel, Silvan Shalom, disse que a medida é "um passo importante na direção correta". O Ministério das Relações Exteriores da Turquia afirmou estar "preocupado" com as novas sanções contra o Irã. Segundo a pasta, o medo é que essa punição feche as portas para o diálogo sobre a questão nuclear iraniana.
A chefe da diplomacia da União Europeia (UE), Catherine Ashton, afirmou que o bloco europeu está disposto a negociar com o Irã "na primeira oportunidade possível". Segundo ela, as sanções são parte de uma estratégia em duas vias, que não excluem as negociações. "As sanções não são o fim do jogo nem a solução final."
O governo iraniano já anunciou hoje que não pretende interromper o enriquecimento de urânio, mesmo após a nova rodada de sanções. O enriquecimento de urânio pode ser usado tanto para a produção de armas quanto para fins pacíficos.
Pontos
Inicialmente, os Estados Unidos queriam sancionar as importações de gasolina do Irã e impedir os países de fazer negócios com o Banco Central do Irã. No fim, não haverá sanções ao setor de energia iraniano e a introdução da resolução apenas pede que os países "exerçam vigilância em transações envolvendo bancos iranianos, incluindo o Banco Central do Irã". O propósito é evitar transações que contribuam com a "proliferação de atividades nucleares sensíveis ou com o desenvolvimento de sistemas de entrega de armas nucleares".
Um triunfo do governo Obama foi a imposição de um embargo à importação de armas convencionais. O Irã não vai mais poder importar oito categorias de armas convencionais. O CS já havia imposto a proibição de exportação de armas ao Irã, principalmente para impedir que o país forneça esse tipo de material a grupos como o Hezbollah e o Hamas.
Mas a nova proibição vai impedir Teerã de comprar tanques de batalha, veículos blindados de combate, helicópteros de ataque, navios de guerra, mísseis, sistemas de mísseis, sistemas de artilharia de larga escala e aeronaves de combate. O Irã também está proibido, pela primeira vez, de se engajar em qualquer atividade com mísseis balísticos capazes de carregar uma ogiva nuclear.
Todos os países serão proibidos de realizar transações financeiras relacionadas a seguro ou resseguro se elas estiverem ligadas à proliferação nuclear. Foi pedido aos países que não abram agências bancárias no Irã. A resolução também estabelece um painel de especialistas que farão relatórios regulares sobre a implementação das medidas.
O documento também acrescenta 40 novas companhias a uma lista negra de empresas cujos ativos serão congelados no exterior e o chefe do Centro de Tecnologia Nuclear de Esfahan, Javad Rahiqi, foi acrescentado à lista anterior de 40 iranianos sujeitos a terem seus bens congelados. Rahiqi já não pode sair do país.
A medida ainda reforça um pedido prévio do CS para que os países abordem navios em alto-mar em busca de itens contrabandeados para ou do Irã. As informações são da Dow Jones.
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