O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, pediu ontem que a Índia apoie os esforços de paz com o Paquistão, que arrefeceram desde os ataques de 2008 em Mumbai. As relações entre os dois países são vistas como cruciais nos esforços do líder norte-americano para vencer a guerra no Afeganistão. No segundo dia de sua visita oficial à Índia, Obama enfrenta uma corda-bamba diplomática ao tentar estreitar laços com a potência emergente, ao mesmo tempo em que auxilia o Paquistão com bilhões de dólares em assistência e busca estreitar laços com o Afeganistão.
A primeira parte da viagem de dez dias ao país asiático foi saudada como uma aproximação com a Índia, enquanto que Wahington tenta recuperar uma economia enfraquecida e angariar apoio para pressionar a China em relação à sua moeda. Mas, ontem, as preocupações da Índia em relação ao Paquistão dominaram a agenda.
Ao se deparar com uma bateria de perguntas feitas por estudantes universitários no coração financeiro da Índia, Obama adotou um tom cauteloso ao falar da relação do país com o Paquistão. Afirmou que as duas nações asiáticas são necessárias para auxiliar no processo de estabilização do Afeganistão, onde milhares de soldados dos Estados Unidos lutam contra militantes extremistas. "Minha esperança é de que, com o tempo, a confiança entre os dois países cresça, que o diálogo tenha início, talvez em temas menos polêmicos, e que possam dar vez a temas mais polêmicos", disse Obama a estudantes debaixo do forte sol do meio-dia.
Os ataques de Mumbai inflamaram as tensões entre os dois rivais nucleares, que foram à guerra em três ocasiões desde a independência da Índia, em 1947. O governo indiano acusa elementos dentro do Paquistão de estar por trás dos atentados, nos quais homens armados mataram 166 pessoas, durante uma série de ataques realizados ao longo de 60 horas contra hotéis, uma estação de trem e um centro judaico.
A Índia imediatamente rompeu negociações de paz com o Paquistão, apesar de terem sido realizadas algumas reuniões de cúpula no ano passado, mas que se mostraram bastante infrutíferas.
Economia
Obama também vai visitar a Indonésia, a Coreia do Sul e o Japão durante esta viagem. O governo americano pretende impedir países da Ásia de desvalorizar, individualmente, as suas respectivas moedas para proteger suas exportações. Esse tema promete dominar a reunião do G-20, que será realizada em Seul na próxima semana.
Com os democratas derrotados nas eleições para o Congresso e alguns governos, Obama está tentando estimular exportações e a criação de empregos ao incentivar negócios em países como a Índia, tentando mostrar que os eleitores dos Estados Unidos têm mais a ganhar da Índia do que temer os produtos provenientes de suas indústrias terceirizadas de baixo custo. Para isso, Obama anunciou investimentos de US$ 19 bilhões em negócios que propiciariam a criação de 54 mil empregos nos Estados Unidos.
Ontem, contudo, Obama pediu que países asiáticos, como a Índia, abram mais suas economias para empresas norte-americanas. A Índia restringe investimento estrangeiro em áreas essenciais, como varejo e serviços financeiros. "Não seria injusto para os Estados Unidos dizerem: Olha, se a nossa economia é aberta a todos, os países que negociam conosco têm de mudar suas práticas para abrir seus mercados para nós. Tem que haver reciprocidade nas nossas relações comerciais", disse.
Ele acrescentou que os Estados Unidos não estão fazendo progressos de forma suficientemente rápida para conter o desemprego e que será preciso adotar "alguma correção de meio do caminho", após as últimas eleições. "O desemprego nos EUA está muito alto atualmente, em relação ao índice normal. Embora estejamos fazendo progressos, não estamos fazendo progresso rápido o suficiente", afirmou.
Ainda ontem, Obama e sua esposa, Michelle, assistiram a uma apresentação de crianças exibindo danças tradicionais. Michelle fez com que o presidente, inicialmente hesitante, se juntasse a elas, imitando seus movimentos de dança e provocando risos dos assessores da Casa Branca.