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A Obamania desembarcou no Brasil. Mesmo ainda na condição de candidato à Presidência dos Estados Unidos, Barack Obama já entusiasma aspirantes a prefeito e vereador, que adotaram seu nome nas eleições municipais de outubro.

Um candidato a prefeito e seis a vereador pegaram carona na fama do ídolo norte-americano e decidiram acoplar o nome de Obama aos seus em busca de sucesso nas urnas. Nenhum candidato brasileiro usará o nome de John McCain.

A legislação brasileira permite que os candidatos usem apelidos durante as campanhas eleitorais e em suas identificações. A iniciativa de adotar o nome de Barack Obama é multipartidária e ocorreu em diversas regiões do país.

Os candidatos afirmaram à Reuters que apreciam a história de vida de Obama e querem representar a mudança em seus municípios, uma das bandeiras da campanha do verdadeiro Obama nas eleições presidenciais norte-americanas.

Disseram também que a questão racial pesou em suas decisões. "Sou o primeiro candidato negro a prefeito da minha cidade", declarou Claudio Henrique - Barack Obama, que disputa pelo PTB a prefeitura do município de Belford Roxo, no Rio de Janeiro. Consultor em tecnologia da informação, Claudio Henrique dos Anjos decidiu concorrer com o novo nome depois que amigos e correligionários o apelidaram de Obama. O petebista assegurou que tratou-se de coincidência pela aparência física, mas não escondeu a satisfação. "Não foi uma estratégia de marketing planejada, mas essa idéia tem trazido um efeito positivo para a gente", ressaltou.

O Obama de Belford Roxo está otimista. Disse que ocupa o terceiro lugar nas pesquisas de intenção de voto e tem chances de ir para o segundo turno.

Jovelino Selis (PT) não esconde a razão da escolha de concorrer com o apelido de "Barack Obama" a uma vaga na Câmara dos Vereadores de Ubiratã, no Paraná. Como não tem os cerca de 20 mil reais para realizar uma campanha como os concorrentes, decidiu apelar. "Foi uma jogada de marketing. A idéia pegou. Está na boca do povo", comemorou.

Selis é professor de matemática de um colégio público da cidade e sindicalista. Apesar da satisfação com o sucesso na campanha, o candidato lamentou os problemas pessoais gerados pela escolha do apelido. Segundo o petista, a mulher, os filhos e o chefe reprovaram a opção. "Estão chamando o meu filho de Obaminha", disse, ao comentar a chacota feita ao filho caçula na escola em que estuda.

Os Obamas brasileiros sofrem dos mesmos preconceitos que o verdadeiro Barack Obama. Selis contou que há alguns dias ouviu um boato de que estava usando um nome árabe por que passou a ter relações com terroristas.

"Disseram que eu agora tenho ligações com o pessoal do Oriente Médio. Tenho que fazer um trabalho didático para mostrar que não é nada disso", comentou com bom humor.

Já Alexandre Nunes Jacinto (PSDB), o "Alexandre Barack Obama", teme que o antiamericanismo atrapalhe a sua luta por uma cadeira de vereador em Petrolina, sertão de Pernambuco. Em algumas conversas com eleitores, Jacinto prefere omitir o apelido que escolheu para a campanha. Mesmo assim, o vendedor de climatizadores diz que não se arrepende de ter adotado o nome do ídolo.

Jacinto soube quem era Barack Obama em uma visita a um político local. Na mesa do gabinete do colega de partido, havia uma cópia da biografia do senador democrata.

"Vi um livro sobre a trajetória dele, um negro pobre e simples que virou senador. Meu objetivo é também chegar lá ao topo, à Presidência", planeja o candidato tucano.

Jacinto batalha para concretizar o sonho. Com poucos recursos, tenta convencer os eleitores de Petrolina que pode melhorar o saneamento básico da cidade e ajudar a revitalizar o Rio São Francisco.

"A minha dificuldade é grande. Até sapato eu já pedi para fazer campanha por que eu ando bastante e o meu estava furado. A coisa está feia", confidenciou. "Faço campanha também a pé, de bicicleta e de moto quando alguém financia o combustível."

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