• Carregando...
Obama nos jardins da Casa Branca: “Comissões militares têm uma longa tradição nos Estados Unidos” | Jason Reed/Reuters
Obama nos jardins da Casa Branca: “Comissões militares têm uma longa tradição nos Estados Unidos”| Foto: Jason Reed/Reuters

Prisioneiro de Guántanamo vai para a França

As autoridades americanas libertaram ontem um prisioneiro da prisão militar para suspeitos de terrorismo em Guantánamo (Cuba). O argelino Lakhdar Boumediene foi um dos beneficiados pela decisão da Suprema Corte dos EUA que permite aos prisioneiros de Guantánamo exigir a liberdade em corte.

Leia a matéria completa

  • Saiba mais sobre a prisão de Guantánamo e as propostas de mudanças

Nova Iorque - O presidente dos EUA, Barack Obama, que classificara na corrida eleitoral as comissões militares de exceção da era Bush como "grande fracasso’’, anunciou ontem que manterá o sistema, mudando algumas regras para ampliar os direitos de suspeitos de terrorismo.

Grupos de direitos humanos aliados a ele criticaram a decisão, vista como "retrocesso’’.

Obama suspendera as comissões militares por quatro meses no primeiro dia de governo, para determinar como os julgamentos em curso deveriam prosseguir (o Pentágono vai pedir novo prazo). Na mesma ocasião, ele determinara o fechamento da prisão de Guantánamo, em Cuba, em 12 meses.

Ontem, porém, ele afirmou em comunicado que as "comissões militares têm uma longa tradição nos EUA’’ e "são apropriadas para julgar inimigos que violam leis de guerra, desde que sejam bem estruturadas e administradas’’.

As alterações que Obama quer implementar incluem a inadmissão de informações obtidas em interrogatórios "cruéis, desumanos ou degradantes’’ e transferem à acusação o ônus de provar que rumores ou discussões de terceiros são críveis o suficiente para serem trazidas ao julgamento.

Além disso, permitem maior flexibilidade para os réus escolherem seus defensores; expandem garantias para os que se negam a testemunhar; e definem que as comissões estabelecerão suas próprias jurisdições. O texto precisa ainda ser aprovado pelo Congresso.

Segundo a Casa Branca, as comissões continuarão a abrigar julgamentos de alguns dos 241 detidos em Guantánamo.

Mas o governo insiste em que o processo será diferente do usado no governo George W. Bush (2001-2009), quando as comissões se tornaram um dos traços mais criticados da chamada "guerra ao terror’’.

Elas foram criadas em 2006 para julgar casos excepcionais de suspeitos de terrorismo. Obama admite que votou a favor da existência das comissões em sua forma original, mas diz que objetou firmemente a Lei das Comissões Militares quando Bush a enviou ao Congresso porque "ela falhou em estabelecer um quadro legal legítimo’’.

Restaurando Bush

Para grupos civis, já irritados com decisões recentes do presidente, as garantias oferecidas ontem não foram suficientes.

"Ao ressuscitar essa ideia fracassada do governo Bush, Obama está retrocedendo perigosamente em sua agenda de reformas’’, disse Kenneth Roth, diretor da ONG Human Rights Watch. Stacy Sullivan, analista de contraterrorismo do mesmo grupo, disse que "reviver as comissões tiraria muito do significado de fechar Guantánamo’’.

Advogados constitucionalistas também rejeitaram o argumento de que as comissões podem ser reformadas.

Para Shayana Kadidal, defensor de presos de Guantánamo e membro do Centro para Direitos Constitucionais, de Nova Iorque, as comissões podem servir a interesses de terroristas, que se apresentam como "figuras militares’’ e suas vítimas como "danos colaterais’’.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]