Polícia deteve 300
A polícia francesa usou gás lacrimogêneo e jatos dágua para dispersar manifestantes nos arredores da cidade francesa de Estrasburgo, cujo centro foi isolado antes do início da cúpula da Otan.
Americano é recebido como astro
Na segunda escala de sua esperada estreia europeia, Barack Obama foi recebido como um astro de rock em aparições públicas na França e na Alemanha, em contraste com a aversão que o presidente dos EUA provocava no continente até poucos meses atrás.
Carla e Michelle contra a aids
As primeiras-damas norte-americanas, Michelle Obama, e francesa, Carla Bruni Sarkozy, decidiram trabalhar juntas contra a aids em seu primeiro encontro ontem, em Estrasburgo (leste da França), na cúpula dos 60 anos da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan).
Estrasburgo, França - Numa clara mudança de tom em relação a seu antecessor, o presidente norte-americano, Barack Obama, estendeu a mão ontem aos europeus, admitiu que seu país agiu com arrogância nos últimos anos e reconheceu que o papel dos EUA no mundo está em transformação menos líder, mais parceiro.
As afirmações marcam um recomeço nas relações transatlânticas após os oitos anos de turbulências com George W. Bush na Casa Branca. E ganharam um simbolismo especial por terem sido feitas na fronteira entre França e Alemanha, na véspera do aniversário da Otan, a aliança militar ocidental que conteve o avanço soviético e completa hoje 60 anos.
Mas em sua primeira viagem ao continente como presidente, Obama também cobrou da Europa mais compromisso na resolução dos desafios globais, sobretudo na luta contra o terrorismo. Um dia após sua bem-sucedida estreia internacional, na reunião do G20, em Londres, ele alertou que é ingenuidade achar que a mudança no governo americano reduziu o perigo do terrorismo islâmico.
"É importante que a Europa entenda que mesmo com a minha chegada à Presidência e a saída do presidente Bush, a Al-Qaeda continua sendo uma ameaça", disse ele a jovens em Estrasburgo (França).
Obama parecia apreciar cada minuto de sua lua-de-mel com os europeus. Em meio a uma atmosfera extremamente receptiva, que se estendeu do abraço caloroso do presidente francês, Nicolas Sarkozy, à fileira de crianças com bandeiras americanas nas ruas de Estrasburgo e da vizinha Baden-Baden, a cidade alemã que cossedia a cúpula anual da Otan, Obama estava à vontade.
Afeganistão
O presidente norte-americano aproveitou o clima positivo para tocar no assunto mais premente desta cúpula, a guerra no Afeganistão. Na semana passada, Obama anunciou uma nova estratégia de combate à Al-Qaeda e ao Taleban, com o envio de mais soldados.
Mas os EUA vem enfrentando resistência dos aliados europeus em fazer o mesmo. Obama reiterou ontem o elo entre o conflito e o terror que ameaça o mundo inteiro, sobretudo a Europa.
"Eu entendo que haja dúvidas na Europa sobre esta guerra, disse. Mas sei de uma coisa: os EUA não escolheram lutar a guerra no Afeganistão. Nós sofremos um ataque da Al Qaeda que matou milhares em solo americano, incluindo franceses e alemães.
Em seguida, advertiu que os terroristas continuam atuando na fronteira entre Afeganistão e Paquistão. "Se houver outro atentado, o mais provável é que ele ocorra aqui na Europa, devido às proximidade.
Ao falar da deterioração nas relações transatlânticas nos últimos anos, admitiu a culpa dos EUA, que por vezes agiram com "arrogância. Mas também criticou o "antiamericanismo que impediu os europeus de verem ações positivas do país.
Questionado por um jovem da plateia em Estrasburgo sobre qual é o plano dos EUA para a nova estratégia que a Otan apresentará amanhã, Obama deu uma demonstração de humildade que indica uma possível mudança do papel que vê para os EUA, em uma era de crise econômica e menos recursos. "Não temos um grande plano", disse Obama. "Não queremos ser os líderes da Otan, mas mais um dos seus membros."
Sucessão e charges
Outra questão que ficou para amanhã e está provocando controvérsia é a escolha do sucessor do secretário-geral da Otan, Jaap de Hoop-Scheffer, cujo mandato termina em julho. O favorito para substituí-lo era o premier da Dinamarca, Anders Fogh Rasmussen, mas a Turquia se opõe a ele.
Único país muçulmano da Otan e segundo maior Exército da aliança, a Turquia rejeita Rasmussen em retaliação a seu comportamento no episódio das charges publicadas em 2005 por um jornal dinamarquês, que ironizavam o profeta Maomé. Na época, o premier se negou a pedir desculpas, mesmo depois que o incidente deflagrou uma onda de protestos em países islâmicos.
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