O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, incumbiu sua responsável de orçamento, Sylvia Burwell, de encarar o desafio de consolidar sua reforma da saúde ao nomeá-la nesta sexta-feira como secretária de Saúde após aceitar a renúncia de Kathleen Sebelius, encarregada do lançamento da lei e alvo das críticas por seus erros.
Após cinco anos como rosto visível do que se considera a maior conquista da presidência de Obama no âmbito interno, Sebelius informou em março ao líder que desejava abandonar seu cargo, após um duro percurso no qual defendeu a reforma de dezenas de ataques políticos e judiciais e uma estreia infestada de erros técnicos.
"Sentirei saudades dos conselhos (de Sebelius), sua amizade, e seu carisma; mas estou orgulhoso de nomear alguém que também tem todas essas características, Sylvia Matthews Burwell", disse Obama ao anunciar a nova nomeação na Casa Branca.
Burwell, de 48 anos, dirigia há um ano o Escritório de Gestão do Orçamento da Casa Branca, onde travou árduas batalhas com o Congresso, entre elas a paralisação temporária da Administração durante duas semanas em outubro do ano passado, no qual a reforma da saúde foi precisamente o objeto de disputa.
"Sylvia é uma gerente experimentada, e sabe como conseguir resultados. E precisa ser assim porque estas são tarefas duras, grandes desafios", declarou o presidente americano, ao lado de Burwell e Sebelius.
Desde que os graves erros na estreia do site de saúde tornaram-se evidentes no final de 2013, Obama enfrentou pressões para afastar Sebelius, tanto dos republicanos mais críticos como de alguns de seus próprios assessores, preocupados com o legado do presidente.
No entanto, Obama resistiu e fontes da Casa Branca descreveram a renúncia de Sebelius como uma decisão pessoal, que, no entanto, permite ao presidente renovar o Departamento de Saúde uma semana após anunciar que foi superado o objetivo de 7 milhões de inscritos nos seguros médicos da reforma.
"Os números finais (de inscrição) falam por si mesmos", assegurou hoje Obama. "E tudo isso graças à mulher que está hoje aqui de pé comigo. E estamos orgulhosos dela. É uma conquista histórica", acrescentou o líder, que foi rotundo em sua defesa do legado de Sebelius e a abraçou calorosamente ao concluir o ato.
Advertiu, no entanto, que resta "muito trabalho por fazer para implementar a reforma da saúde", e que dentro de aproximadamente seis meses se abrirá "um novo período de inscrição" no mercado de seguros médicos de baixo custo que buscam diminuir o número de americanos sem cobertura.
Burwell, que se for confirmada pelo Senado, se encarregará dessa tarefa, se mostrou hoje "honrada pela oportunidade" de tomar o bastão de Sebelius, e se comprometeu a assegurar-se que "as famílias, as crianças e os idosos contam com a base necessária para viver vidas produtivas e saudáveis".
A responsável do orçamento federal tem boa reputação no Congresso e há um ano foi confirmada para seu posto de forma unânime, mas espera-se que desta vez encontre mais obstáculos antes de ser ratificada pelo Senado, onde os republicanos poderiam usar sua indicação como uma nova plataforma de ataques à reforma.
Em geral, a ala conservadora do Congresso recebeu com ceticismo a indicação de Burwell, e parece pouco disposta a suavizar sua frontal oposição à reforma da saúde, considerada pelos republicanos seu principal trunfo para retomar o controle do Senado nas eleições legislativas de novembro.
"Infelizmente para o povo americano, a renúncia da secretária Sebelius não fará nada para protegê-los das coberturas canceladas, o aumento de custos e a redução de opções do 'Obamacare' (nome dado à reforma da saúde)", disse hoje o senador republicano John Thune.
Sebelius, por sua parte, definiu a reforma da saúde como "a conquista social mais significativa nos 50 anos" que se passaram desde que o presidente Lyndon B. Johnson assinou a Lei de Direitos Civis em 1964.
"Este é o trabalho mais importante do qual fui parte; de fato, foi a causa da minha vida. Apesar de todas as batalhas legislativas, do desafio na Corte Suprema, de uma difícil reeleição (de Obama) e anos de votações (no Congresso) para derrubar a lei, estamos avançando", concluiu Sebelius.