O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, pediu desculpas nesta quarta-feira (7) à organização Médicos sem Fronteiras pelo bombardeio a um hospital da entidade em Kunduz, no Afeganistão, no último sábado (3).
O ataque aéreo deixou 22 mortos, sendo 12 funcionários e dez pacientes. Na terça (6), o Pentágono reconheceu o erro e disse ter agido a pedido da forças afegãs, embora a decisão final tenha sido tomada pelos americanos.
Segundo o porta-voz da Casa Branca, Josh Earnest, o mandatário americano prestou suas condolências ao telefonar para a presidente da ONG, Joanne Liu, na manhã desta quarta-feira.
Obama prometeu a Liu que os Estados Unidos farão uma investigação que “dará um relato transparente, minucioso e objetivo sobre os fatos e circunstâncias deste incidente.”
O presidente ainda afirmou que fará mudanças nos procedimentos das forças americanas caso sejam constatadas falhas nas investigações. Obama ainda enviou seu pedido de condolências a seu colega afegão, Ashraf Ghani.
Não há informações, no entanto, sobre se Obama comentou sobre a investigação independente pedida pela Médicos Sem Fronteiras. Mais cedo, a presidente da organização disse não confiar nas sindicâncias feitas por americanos e afegãos.
Para desfazer as dúvidas, a organização quer enviar o caso à Comissão Internacional Humanitária de Averiguação (IHFFC, sigla em inglês), uma instância sob a Convenção de Genebra para investigar violações às leis humanitárias.
A intenção é que o órgão seja usado para recolher fatos e provas contra os Estados Unidos, a Otan e o Afeganistão. Com o relatório pronto, a Médicos Sem Fronteiras decidiria se levaria o caso ao Tribunal Penal Internacional.
Crimes de Guerra
A presidente internacional da organização, Joanne Liu, disse que o bombardeio não pode ser tolerado por se tratar de um crime de guerra cometido pelos Estados Unidos e pelo Afeganistão.
“Este não é um ataque só ao nosso hospital, mas à Convenção de Genebra. Se nós deixarmos que se torne apenas um não evento, estamos praticamente dando um cheque em branco a qualquer país em conflito armado.”
A comissão foi criada em 1991, mas nunca foi usada para investigar crimes contra a humanidade. Ela também não tem força judicial para sozinha levar uma investigação a julgamento no Tribunal Penal Internacional.
A Médicos Sem Fronteiras pede que um dos 76 países-membros da comissão abra o inquérito. Porém, nem Estados Unidos nem Afeganistão estão entre os signatários, o que pode levar à recusa do relatório final.
Apesar deste risco, Liu pediu que os países aceitem o trabalho da comissão. “O direito humanitário internacional é sobre intenções e fatos. O ataque dos EUA é a maior perda que nossa organização sofreu em um bombardeio.”
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