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Presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, acena após discurso na Universidade do Cairo | reuters
Presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, acena após discurso na Universidade do Cairo| Foto: reuters

O presidente americano, Barack Obama, defendeu nesta quinta-feira (4) um novo começo com o mundo muçulmano, no esperado discurso destinado a sanar a ruptura dos Estados Unidos com o mundo islâmico.

"Vim buscar um novo começo entre os Estados Unidos e os muçulmanos através do mundo, um começo baseado no interesse mútuo e no respeito mútuo, um começo baseado nesta verdade de que os Estados Unidos e o islã não se excluem", afirmou Obama.

"Enquanto nossas relações forem definidas por nossas divergências, daremos o poder aos que espalham o ódio antes da paz, aos que promovem o conflito ao invés da cooperação", declarou Obama na Universidade do Cairo. "Este ciclo de desconfiança e de discórdia deve terminar", completou.

Estado palestino

Ele também disse que seu país apoia as legítimas aspirações dos palestinos a um Estado, ao afirmar que única solução para o conflito com Israel está na que prevê duas nações. "Os Estados Unidos não darão as costas à legítima aspiração dos palestinos de dignidade, oportunidade e um Estado próprio. [...] A única solução para as aspirações das duas partes deve ser a de dois Estados, donde israelenses e palestinos vivam em paz e segurança", afirmou Obama.

"Não há dúvidas de que a situação do povo palestino é intolerável", completou o presidente americano em sua primeira e altamente simbólica visita ao Egito.

Obama também comentou o sofrimento do povo judeu durante séculos e o Holocausto, além de ter afirmado que a negação do genocídio nazista tem sido um sinal de "baixeza, ignorância e grande ódio".

"Ameaçar Israel com a destruição ou repetindo estereótipos infames sobre os judeus é um profundo erro e serve apenas para evocar na mente dos israelenses a maior dor que lembram, enquanto impede a paz que as pessoas da região merecem", insistiu.

O esperado discurso do presidente pretende virar a página do antecessor George W. Bush.

Repercussão

Israel espera que o "importante" discurso de Obama "leve a uma nova era de reconciliação" entre o Estado judeu e "o mundo árabe e muçulmano". "Compartilhamos a esperança de Obama de que os esforços americanos levem ao fim do conflito e ao reconhecimento pan-árabe de Israel como Estado judeu", afirmou o escritório do primeiro-ministro israelense, em um breve comunicado.

A nota não faz menção ao comentário de Obama de que seu país "não aceita a legitimidade" das colônias judaicas na Cisjordânia e "é hora de estes assentamentos pararem".

O discurso de Obama foi um "bom começo" para uma nova política norte-americana no Oriente Médio, disse um porta-voz do presidente da Palestina, Mahmoud Abbas.

"Seu pedido para interromper a colonização e para a fundação do Estado Palestino e referência ao sofrimento dos palestinos é uma clara mensagem a Israel de que uma paz justa está na base do Estado Palestino com Jerusalém como sua capital", disse o porta-voz, Nabil Abu Rdainah.

"O discurso do presidente Obama é um bom começo e um passo importante para uma nova política norte-americana", disse ele.

O porta-voz do Hamas em Gaza, Fawzi Barhum, afirmou que o discurso "é diferente" do de seus antecessores na Casa Branca. "É um discurso cheio de cortesia e de diplomacia suave, diferente ao de anteriores presidentes dos Estados Unidos", reconheceu Barhum, em declaração à imprensa local.

O secretário-geral da Liga Árabe, Amre Moussa, qualificou o discurso oferecido de "equilibrado e positivo", segundo fontes da organização. Moussa disse aos jornalistas na sede da Liga Árabe na capital egípcia que o discurso tem uma "nova visão da aproximação entre os países muçulmanos e o Ocidente, do diálogo de civilizações e dos direitos do povo palestino".

O líder supremo da Revolução Islâmica iraniana, aiatolá Ali Khamenei, disse que o discurso não é "suficiente". Em cerimônia por ocasião do 20º aniversário da morte do fundador da República Islâmica, aiatolá Ruhollah Khomeini, reiterou que é necessário mais do que palavras, e que Washington deve dar "passos práticos".

O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, elogiou o discurso e disse esperar que ele permita a abertura de "um novo capítulo" nas relações entre os Estados Unidos e o mundo islâmico.

Bin Laden

O líder da rede al-Qaeda, Osama bin Laden, afirmou em uma gravação divulgada nesta quarta-feira pela TV Al-Jazeera que aliança com cristãos e judeus poderia anular a fé dos muçulmanos e os convocou a lutarem contra aliados dos "infiéis" em países muçulmanos.

Partes da gravação de Bin Laden foram publicadas nesta quarta e todos os 25 minutos do áudio foram divulgados em um site islâmico nesta quinta-feira, dia do discurso de Obama.

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