Diretor da Inteligência acusa aliados
O diretor da Inteligência Nacional dos Estados Unidos, James Clapper (foto), disse ontem que aliados estrangeiros conduzem atividades de espionagem contra líderes americanos e serviços de inteligência do país. Em resposta a questionamentos numa audiência no Comitê de Inteligência da Câmara dos Deputados, Clapper afirmou que espionar líderes estrangeiros era um princípio básico das operações de inteligência.
Europa
Chefe da NSA atribui coleta de dados a um programa da Otan
Agência Estado
O diretor da Agência de Segurança Nacional dos Estados Unidos (NSA), general Keith Alexander, negou ontem que o serviço norte-americano de espionagem tenha coletado dezenas de milhões de registros telefônicos de países europeus e atribuiu a ação a um programa da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) executado com o objetivo de proteger os países que integram a aliança e suas operações militares.
Depoimento
Em depoimento à comissão de espionagem da Câmara dos Representantes dos EUA, Alexander enfatizou que a NSA não coletou os dados sozinha, refutando as alegações que na semana passada exaltaram os ânimos na Europa. Segundo ele, os EUA receberam as informações de seus parceiros na Otan. Alexander também negou que o programa tenha sido direcionado à espionagem de cidadãos europeus, mas não entrou em detalhes.
Resposta
Fontes em Washington asseguraram ao Wall Street Journal, em reportagem publicada ontem, que algumas das ações de espionagem eletrônica que causaram alvoroço na França e na Espanha foram executadas pelos próprios serviços de informação desses países, e não pela NSA. De acordo com as fontes, registros telefônicos de europeus em zonas de conflito e outras regiões fora de suas fronteiras foram coletados pelos serviços secretos desses países e depois compartilhados com a NSA em meio aos esforços para proteger civis e militares norte-americanos e aliados.
6 países foram espionados pela NSA, segundo reportagens inspiradas pelos documentos vazados por Edward Snowden: Alemanha, Brasil, Espanha, França, Itália e México.
O presidente Barack Obama pode proibir a espionagem dos Estados Unidos contra líderes aliados como parte de uma revisão da coleta de dados de inteligência. A informação foi publicada ontem pelo jornal The New York Times, citando autoridades do governo e do Congresso norte-americanos. A notícia é dada em meio à indignação internacional devido ao monitoramento realizado pela Agência de Segurança Nacional, a NSA (na sigla em inglês), dos EUA.
Uma semana depois do surgimento de relatos de que até o telefone celular da chanceler alemã, Angela Merkel, estaria grampeado, Obama está sob pressão para tomar medidas para recuperar a confiança dos norte-americanos e aliados.
Uma alta autoridade do governo disse que os EUA realizaram algumas mudanças pontuais em suas práticas de escuta, mas ainda não fizeram nenhuma modificação ampla de suas políticas, como a interrupção da coleta de informações a partir do monitoramento de aliados, por exemplo.
A autoridade disse que a Casa Branca considera vetar a coleta de inteligência a partir do monitoramento de líderes aliados. Um relatório da Casa Branca requisitado por Obama após o vazamento de documentos da NSA pelo ex-prestador de serviço da agência Edward Snowden deve ser concluído até o fim do ano.
Obama tem sido submetido a uma renovada onda de críticas estrangeiras por causa de denúncias recentes de que a NSA não só grampeou o telefone celular de Merkel como conduziu amplo monitoramento eletrônico na França, Itália, Espanha e outros países europeus.
As revelações de Snowden também abalaram as relações dos EUA com o Brasil, que segundo denúncias foi outro alvo dos programas de espionagem da NSA.
A presidente Dilma Rousseff cancelou uma visita de Estado que faria a Washington este mês após denúncia de que teve suas próprias comunicações pessoais monitoradas pela agência norte-americana.
Alguns dos atos de espionagem parecem ter sido conduzidos sem o conhecimento de Obama.
A senadora democrata da Califórnia Dianne Feinstein, que preside a Comissão de Inteligência do Senado dos EUA, disse na segunda-feira que seria conduzida uma ampla revisão de todos os programas de coleta de dados de inteligência.
Brasil leva tema à cúpula da ONU
Agência Estado
O Brasil vai debater com a cúpula da Organização das Nações Unidas (ONU) o impacto que os casos de espionagem podem ter para os direitos humanos e buscar formas de garantir que violações não voltem a ocorrer.
A embaixadora brasileira na ONU, Regina Dunlop, se reuniria ontem com a número um das Nações Unidas para Direitos Humanos, Navi Pillay, para discutir a situação e avaliar eventuais caminhos que o tema poderia ganhar na esfera internacional.
Nos últimos dias, revelações apontaram que as autoridades americanas não escutaram apenas conversas do governo brasileiro ou mexicano, mas também grampearam telefones de 35 líderes mundiais, o celular da chanceler alemã, Angela Merkel, e ainda milhões de ligações na França ou Espanha.
O governo brasileiro já havia indicado que poderia levar o assunto para o Conselho de Direitos Humanos da ONU. Mas, ao fazer tal proposta, as revelações sobre a espionagem na Europa ainda não eram conhecidas e governos europeus resistiam a uma ação mais contundente. A UE continua sem uma posição fechada sobre o assunto. Mas os casos abriram as portas para consultas diplomáticas entre o Brasil e a UE, que já estão ocorrendo em Genebra e em diversas capitais.