O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, passou nesta quarta-feira três horas discutindo com assessores uma nova estratégia para o Afeganistão, e alguns deles enfatizaram que a maior ameaça aos interesses dos EUA é a Al Qaeda, não o Taliban.
Essa avaliação pode ser decisiva para que Obama atenda parcial ou integralmente a solicitação do general norte-americano Stanley McChrystal para o envio de pelo menos 40 mil soldados adicionais ao Afeganistão.
Com a participação do vice Joe Biden, essa foi a quinta sessão de discussões sobre o Afeganistão, e outras devem se seguir. Assessores dizem que a decisão presidencial sobre a nova estratégia ainda deve levar várias semanas.
A secretária de Estado Hillary Clinton, num avião que a leva de volta de uma viagem à Rússia, participou da audiência por videoconferência. Em entrevista à ABC News, ela evitou se posicionar, mas afirmou que nem todo integrante do Taliban é ligado à Al Qaeda, o grupo extremista islâmico responsável pelos atentados de 11 de setembro de 2001 nos EUA. Foi para combater a Al Qaeda que os EUA invadiram o Afeganistão no fim daquele ano.
Hillary afirmou que alguns membros do Taliban "estão combatendo porque ganham para combater (...), eles ganham mais para estar no Taliban do que para ser um agente da polícia."
"Outra (razão) é que existem todo tipo de conflitos internos no Afeganistão entre certos grupos tribais e grupos étnicos que acham oportuno se aliar com o Taliban. Eles são muito conservadores, mas não são uma ameaça direta a nós", afirmou a secretária, numa entrevista que irá ao ar na noite de quarta-feira.
Por outro lado, republicanos e alguns democratas temem que, se não houver reforços suficientes, o Taliban pode recobrar o controle do Afeganistão e dar novamente refúgio ao Taliban, além de exercer pressão sobre o vizinho Paquistão, um país hoje aliado de Washington e que tem armas nucleares.
McChrystal, comandante das forças dos EUA e da Otan no Afeganistão, propôs o envio de reforços - além do atual contingente de 65 mil norte-americanos e de 39 mil aliados. A revisão da estratégia pode vir a ser a decisão mais difícil até agora para o governo Obama.