O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, reativou nesta sexta-feira o sistema de julgamentos militares de Guantánamo para estrangeiros suspeitos de terrorismo, desagradando partidários que afirmam que ele quebrou a promessa de pôr fim aos polêmicos tribunais estabelecidos pelo governo Bush.
Obama disse que os tribunais da base militar norte-americana em Cuba seriam uma opção para o julgamento dos suspeitos presos lá após a implantação de várias modificações no regulamento, incluindo o veto a declarações obtidas sob interrogatório severo e tornando mais difícil o uso de depoimentos não gravados.
O governo também pediu pelo adiamento de 90 dias nos processos em Guantánamo a fim de dar tempo para as novas regras entrarem em vigor. As mudanças no regulamento precisam ser apresentadas ao Congresso 60 dias antes de se tornarem efetivas.
Essa foi a segunda decisão em menos de uma semana a desagradar partidários de Obama, que acreditaram que suas promessas encerrariam os tribunais de crimes de guerra de Guantánamo.
Obama, que assumiu o poder em janeiro, prometeu fechar a prisão da baía de Guantánamo até 2010. A prisão foi estabelecida em 2002 para abrigar prisioneiros da guerra dos EUA contra o terrorismo, declarada pelo presidente George W. Bush após os ataques de 11 de setembro de 2001.
No começo da semana, Obama decidiu se posicionar contra a divulgação de fotos de supostos abusos de prisioneiros, revertendo uma promessa anterior. Obama afirmou que as fotografias poderiam colocar em risco os soldados norte-americanos no exterior.
Também nesta sexta-feira, autoridades norte-americanas libertaram um prisioneiro de Guantánamo que fazia parte de um caso da Suprema Corte que virou referência ao garantir aos presos da prisão militar o direito de contestar sua detenção.
O prisioneiro Lakhdar Boumediene, de nacionalidade argelina, foi libertado e levado de Guantánamo para a França, onde parentes o esperavam, de acordo com autoridades que pediram anonimato.
A França havia dito anteriormente que aceitaria Boumediene para honrar uma promessa do presidente francês, Nicolas Sarkozy, a Obama. Atualmente há 240 detidos em Guantánamo.
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