O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, disse que o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, tem dificultado o processo de paz no Oriente Médio ao dizer nos últimos dias da campanha de reeleição que não haveria nenhum Estado Palestino durante sua vigência como líder de Israel.
Em uma reprovação pública de um aliado dos EUA, Obama relatou que disse ao primeiro-ministro de Israel que, “dadas as suas declarações antes das eleições, será difícil encontrar um caminho no qual as pessoas estejam seriamente acreditando que as negociações são possíveis.”
Ele disse que os EUA acreditavam que uma solução entre os dois estados às tensões entre israelenses e palestinos era “o único jeito” de garantir segurança a Israel, “caso queira continuar sendo um estado judeu e democrático.”
Os comentários de Obama, em uma entrevista concedida ao jornal Huffington Post e publicada no sábado (21), refletem a crescente tensão entre os EUA e Israel. Netanyahu tinha dito anteriormente, na semana passada, antes da eleição, que não haveria um Estado Palestino sob sua supervisão e depois adotou um discurso mais moderado ao sugerir que continuava aberto a uma solução de duas vias entre os dois estados. “Precisamos avaliar quais outras opções estão disponíveis para garantir que não veremos uma situação caótica na região”, disse Obama.
Os republicanos criticaram Obama por dizer que os EUA devem repensar sua relação com Israel devido à declaração de Netanyahu. Ron Dermer, embaixador americano em Israel, disse que Netanyahu não é contra uma solução que envolva os dois estados, mas está preocupado com a possibilidade de estabelecimento do Estado Palestino neste momento, em que pode se tornar uma base terrorista.
O presidente de Israel, Reuven Rivlin, disse nesse domingo (22) que o novo governo terá de servir a “todos os cidadãos de Israel” e chamou o país a começar um “processo de cura”, após uma campanha eleitoral turbulenta e que revelou as divisões internas.
Rivlin exerce um papel simbólico no país e tem se posicionado como um “unificador” desde que assumiu o cargo no ano passado. Um dos seus poucos poderes reais está em escolher a pessoa com melhores chances de montar o governo de coalizão após as eleições. Ao longo da campanha eleitoral, parecia que ele teria um papel crucial após as eleições, mas a vitória do partido Likud, do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, levantou discussões sobre suas considerações.
Neste domingo, Rivlin começou a se reunir com todos os partidos do parlamento para ouvir recomendações, antes de conversar oficialmente com Netanyahu.