Seu plano de reforma da saúde está cambaleando, a economia ainda vive uma crise, e a violência cresce no Iraque e Afeganistão. Quem não iria querer uma pausa?
O presidente dos EUA, Barack Obama, está oficialmente saindo de férias na semana que vem, mas leva consigo uma longa lista de tarefas que dificilmente lhe deixará relaxar e se desligar do mundo durante a estadia no balneário de Martha's Vineyard.
Analistas dizem que ninguém é melhor do que Obama para "vender" a reforma da saúde, o pacote de estímulo econômico e outros itens que dependem de aprovação legislativa, e que sua ausência poderia ser prejudicial.
Mas eles lembram que a ausência será de apenas uma semana, e que ele não se desligará totalmente dessas questões, devendo inclusive se pronunciar publicamente a respeito delas.
Alguns críticos, no entanto, questionam se ele deveria mesmo sair de férias, especialmente diante da persistência dos problemas econômicos e da veemência da oposição ao seu plano de 1 trilhão de dólares para a saúde pública.
Outros o recriminam por escolher um balneário de Massachusetts conhecido por atrair ricos e famosos.
"O povo norte-americano está olhando para o senhor, presidente. Eles seguem sua liderança", disse Robert Guttman, diretor do Centro de Políticas e Relações Exteriores da Universidade Johns Hopkins. "Por que não liderá-los para os lugares que mais precisam da sua ajuda, em vez de uma ilha já financeiramente estável e próspera da Nova Inglaterra? O interior americano está chamando, senhor presidente. O sr. não irá atender ao seu chamado?", escreveu ele no site Huffington Post, de esquerda.
O governo afirma que Obama só está fazendo o que outros presidentes e muitos outros norte-americanos sempre fizeram: tirando merecidas férias com a família num local adequado para isso.
A Casa Branca salienta que Obama está pagando a conta - estimada em pelo menos 25 mil dólares - pelo aluguel de uma propriedade rural de 11 hectares, chamada Blue Heron, entre 23 e 30 de agosto.
O porta-voz Robert Gibbs disse que, mesmo relaxando com a família, o presidente manterá seu empenho em prol da reforma da saúde, grande prioridade doméstica do seu mandato.
"Obviamente, teremos algumas atualizações de agenda para vocês (jornalistas) ao longo da semana, a respeito de fatos que podem ou não serem agregados à questão da saúde," disse Gibbs nesta semana.
O próprio Obama disse acreditar que a opinião pública não o recriminará por tirar férias com as filhas apesar da crise econômica.
Historiadores dizem que todos os presidentes dos EUA querem deixar Washington no caloroso mês de agosto, e afirmam que Obama está passando menos tempo longe do que a maioria dos seus antecessores, que chegam a passar semanas afastados da Casa Branca durante o verão.
A opinião pública não costuma se queixar, desde que as férias não sejam longas demais e não coincidam com um desastre natural - como ocorreu em 2005, quando o furacão Katrina devastou Nova Orleans enquanto George W. Bush continuava descansando em sua fazenda do Texas.
Stephen Hess, ex-assessor presidencial que agora trabalha na Brookins Institution, lembrou ainda que os presidentes nunca deixam seus cargos durante as férias, e viajam com uma enorme comitiva.
"Suas 'férias' não os desconectam da presidência. Aliás, nem parecem muito com as nossas férias", disse Hess.
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