O presidente Barack Obama se prepara para fazer história com a visita que se inicia na tarde deste domingo (20) em Cuba, um dos últimos redutos do comunismo e país com o qual deseja virar a página depois de mais de cinco décadas de antagonismo.
Quando aterrissar no aeroporto José Martí de Havana, com sua esposa Michelle e suas duas filhas, Obama se converterá no primeiro presidente dos Estados Unidos a pisar em solo cubano depois de 88 anos.
Seus objetivos são dois: encontrar o povo cubano e consolidar a nova relação com o presidente Raúl Castro, mais um episódio da espetacular aproximação iniciada em dezembro de 2014.
A visita, que se estenderá até terça-feira (22), quando Obama viajará para a Argentina, também servirá para que o presidente americano reforce a imagem de um Estados Unidos diferente à de um país que por décadas promoveu intervenções e considerou a América Latina seu quintal.
E no último ano de sua segunda presidência, Obama quer assegurar-se de que seus avanços em Cuba não revertam, seja quem for a assumir a Casa Branca no próximo ano.
Obama, que também se reunirá com dissidentes e atores da vida econômica, dirigirá na terça um discurso a todos os cubanos através da rádio e da televisão, como em 17 de dezembro de 2014, quando anunciou a partir da Casa Branca a aproximação entre os dois países hostis. “Consideramos este discurso um momento único na história de nossos dois países”, explicou Ben Rhodes, assessor próximo do presidente americano, que dirigiu durante 18 meses as negociações secretas com Havana.
Uma visita em família pela cidade velha, homenagem ao pai da independência José Martí na praça da Revolução, partida de beisebol: a viagem de três dias também estará repleta de eventos simbólicos e imagens fortes.
A chegada do primeiro presidente negro dos Estados Unidos – 30 anos mais jovem que Raúl Castro – também terá um impacto particular no seio da comunidade afrocubana, notoriamente subrepresentada entre a elite política cubana.
A aposta da Casa Branca é estabelecer vínculos suficientes, apesar do embargo econômico que o Congresso se nega por enquanto a revogar. “Queremos que este processo de normalização seja irreversível”, destacou Ben Rhodes, que insiste no impacto das políticas já empreendidas: facilitação das viagens, flexibilização das restrições comerciais.
Aos que o criticam por não ter conseguido concessões reais por parte do regime castrista, em particular em matéria de direitos humanos, o presidente americano promete discussões francas, reconhece que as mudanças levarão tempo e insiste na necessidade de romper com o isolamento, que considera estéril.
Durante o restabelecimento das relações diplomáticas no verão de 2015, Obama lembrou – para destacar o caráter anacrônico da política em vigor – que elas foram suspensas por Dwight Eisenhower em 1961, no ano em que ele nasceu.