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O Obamagate não é uma teoria da conspiração

O ex-presidente dos Estados Unidos Barack Obama, em foto de novembro de 2018 (Foto: RHONA WISE / AFP)

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Seria melhor se as pessoas que estão compartilhando a hashtag #Obamagate no Twitter evitassem a histeria que vimos com aqueles que acreditavam no conluio com a Rússia, mas elas não têm motivos para ignorar as crescentes evidências que indicam que o governo Obama se envolveu em um caso grave de corrupção.

Os democratas e seus aliados, que gostam de fingir que o único ato escandaloso do presidente Obama foi usar um terno marrom, vão passar os próximos meses confundindo o público, concentrando-se nas acusações mais inflamadas contra Obama. Mas o fato é que já temos mais evidências convincentes do que jamais tivemos de que o governo Obama se envolveu em má conduta ao abrir a investigação de conluio com a Rússia.

Não é fomentar conspiração notar que a investigação sobre Trump foi baseada em um documento da oposição cheio de fabulismo e, provavelmente, de desinformação russa. Sabemos que o Departamento de Justiça reteve evidências contraditórias quando começou a espionar aqueles que estavam na órbita de Trump. Temos provas de que muitos dos mandados relevantes do Fisa (Tribunal de Vigilância de Inteligência Estrangeira dos EUA) - quase todos, na verdade - foram baseados em evidências "fabricadas" ou repletas de erros. Sabemos que membros do governo Obama, que não tinham um papel genuíno nas operações de contra-inteligência, desmascararam repetidamente os aliados de Trump. E agora sabemos que, apesar da escassez de evidências, o FBI levou Michael Flynn a uma declaração de culpa, de modo a manter a investigação em andamento.

Além disso, o contexto maior apenas torna todos esses fatos mais contundentes. Em 2016, a comunidade de inteligência do governo Obama normalizou a espionagem doméstica. O diretor de inteligência nacional de Obama, James Clapper, mentiu no Congresso sobre bisbilhotar cidadãos americanos. Seu diretor da CIA, John Brennan, supervisionou uma agência que se sentia confortável espionando o Senado, e pelo menos cinco de seus subordinados invadiram arquivos de computador do Congresso. Seu procurador-geral, Eric Holder, invocou a Lei de Espionagem para espionar um jornalista da Fox News, levando seu caso para três juízes até encontrar um que o deixasse designar o repórter como co-conspirador. O governo Obama também espionou repórteres da Associated Press, o que a organização de notícias chamou de "intrusão enorme e sem precedentes". E, embora o fato tenha sido esquecido há muito tempo, autoridades de Obama foram flagradas monitorando as conversas dos membros do Congresso que se opunham ao acordo nuclear do Irã.

O que faz alguém acreditar que essas pessoas não criariam um pretexto para espionar o partido da oposição? Se alguém acredita nisso, não deveria, porque, além de tudo, sabemos que Barack Obama estava profundamente interessado no progresso da investigação sobre o conluio com a Rússia.

Em sua última hora no cargo, a conselheira de segurança nacional Susan Rice escreveu um e-mail a si mesma, para se autopreservar, mencionando que havia participado de uma reunião com o presidente, a vice-procuradora-geral Sally Yates, o diretor do FBI James Comey e o vice-presidente Joe Biden, na qual Obama enfatizou que tudo na investigação deveria prosseguir "segundo as regras".

As autoridades de alto escalão da administração Obama não conduziam essas investigações sempre segundo as regras? É curioso que eles precisassem ser especificamente instruídos a fazer isso. Também é curioso que a conselheira de segurança que estava de partida, 15 minutos após a posse de Trump como presidente, precisasse mencionar essa reunião.

Nada disso significa que Obama cometeu algum crime específico; ele quase certamente não cometeu. Em um ambiente de mídia saudável, porém, as crescentes evidências de irregularidades provocariam uma onda de curiosidade jornalística.

"Mas", você pode perguntar, "por que isso ainda importa?" Bem, para começar, muitos dos mesmos personagens centrais a toda essa aparente má conduta agora querem retomar o poder em Washington. Biden é o presumido candidato presidencial do Partido Democrata, ele está concorrendo como herdeiro do legado de Obama, e ele estava naquela reunião com Rice. Ele negou até que tinha conhecimento de alguma coisa sobre a investigação do FBI sobre Flynn até que foi forçado a se corrigir, depois que o apresentador George Stephanopoulos, da ABC, apontou que ele foi mencionado no e-mail de Rice. É completamente legítimo perguntar-se o que ele sabia sobre a investigação.

Os céticos gostam de ressaltar que o governo Obama não tinha motivos para se envolver em abusos, porque os democratas tinham certeza de que iriam vencer. Richard Nixon venceu em 49 estados em 1972. Seus comparsas não precisavam invadir os escritórios do Comitê Nacional Democrata e causar o Watergate. Mas, como observaram os agentes do FBI envolvidos no caso, eles queriam ter uma "apólice de seguro" se o impensável acontecesse.

Em 2016, o impensável aconteceu, e ainda estamos lidando com as consequências quatro anos depois. Não sabemos onde esse escândalo vai acabar, mas não é preciso ser um teórico da conspiração para se questionar.

©2020 National Review. Publicado com permissão. Original em inglês

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