Cerca de 16 mil objetos levados pelos judeus nas câmaras de gás no campo de concentração nazista de Auschwitz-Birkenau, encontrados em 1967 durante escavações e desaparecidos desde então, foram reencontrados para serem entregues ao museu do campo, informou nesta terça-feira a instituição.
“Na maioria dos casos, trata-se do último objeto pessoal que os judeus (...) enviados para a morte nas câmaras de gás carregaram consigo. Há, entre outros, termômetros, garrafas de medicamento ou perfume, fragmentos de sapatos, talheres, relógios, pincéis, isqueiros...”, informou o museu em um comunicado.
Os objetos foram descobertos no outono de 1967, durante escavações perto das ruínas das câmaras de gás e do crematório número 3.
“Eles certamente foram submetidos a análise, talvez alguém queria dedicar um estudo científico. (...) Alguns meses mais tarde, em 1968, uma virada política aconteceu e o governo comunista adotou uma linha abertamente antissemita. Este é provavelmente o motivo que levou ao não prosseguimento do projeto”, indicou Piotr Cywinski, diretor do museu.
Depois de vários meses de investigação, o museu reencontrou os objetos armazenados em 48 caixas no Instituto de Arqueologia e Etnologia da Academia Polonesa de Ciências, em Varsóvia.
A maioria dos objetos estavam em embalagens individuais com uma descrição precisa, com a data exata e local de sua descoberta. Eles foram devolvidos ao museu em 3 de junho.
Entre 1940 e início de 1945, a Alemanha nazista exterminou em Auschwitz-Birkenau cerca de 1,1 milhão de pessoas, incluindo um milhão de judeus de vários países europeus.
Este campo, onde cerca de 80 mil poloneses não-judeus, 25 mil ciganos e 20 mil soldados soviéticos também morreram, foi libertado pelo Exército Vermelho em janeiro de 1945.
O museu, criado pelo governo polonês em 1947, abriga vários milhares de objetos pertencentes a ex-prisioneiros, 4 mil malas, dezenas de milhares de sapatos, escovas, ou utensílios de cozinha, dos quais apenas uma parte está exposta.