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O oceano em torno da Antártida está praticamente no seu limite de absorção de dióxido de carbono, o que deixará mais gás na atmosfera para aquecer o planeta, disseram cientistas na quinta-feira.

A pesquisadora Corine Le Quere disse que a atividade humana é a responsável por essa situação, que ela qualificou "de muito alarmante", já que só era esperado dentro de algumas décadas.

"Achávamos que poderíamos detectar isso só na segunda metade deste século, digamos lá por 2050", disse Le Quere, da Universidade de East Anglia, na Grã-Bretanha. Mas dados recolhidos de 1981 a 2004 mostraram que o mar já está cheio de dióxido de carbono.

O oceano Antártico é um dos maiores reservatórios, ou "fossas" de carbono. Quando o carbono está numa fossa - seja um oceano ou uma floresta, já que ambos podem acumular CO2 - ele fica fora da atmosfera e não contribui com o aquecimento global.

A nova pesquisa, publicada na revista Science, indica que o oceano Antártico está saturado de CO2 pelo menos desde a década de 1980. Isso é significativo, já que a região representa 15 por cento das fossas globais de carbono, segundo Le Quere.

A mudança, explicou ela, pode ser atribuída aos ventos mais intensos do último meio século. Esses ventos agregam CO2 ao oceano Antártico, misturando o carbono que ocorre naturalmente e normalmente fica nas profundezas ao carbono emitido pela humanidade.

Quando o carbono natural vem à tona por causa dos ventos, fica mais difícil para o oceano Antártico acomodar mais carbono de origem humana, que vem de fábricas, usinas termoelétricas e motores.

Os ventos, por sua vez, são causados por dois fatores humanos.

O primeiro é a redução da camada de ozônio da alta atmosfera sobre a Antártida, o que criou grandes variações de temperatura, segundo Le Quere.

O segundo é a natureza desigual do aquecimento global, que afeta mais o norte que o sul do planeta, o que também provoca a aceleração dos ventos no oceano Antártico.

"Desde o começo da revolução industrial, os oceanos do mundo absorveram cerca de um quarto dos 500 gigatons (500 bilhões de toneladas) de carbono emitidos na atmosfera por humanos", afirmou Chris Rapley, do Instituto Britânico de Pesquisas Antárticas, em nota.

Outro sinal de aquecimento da Antártida havia sido notificado na terça-feira pela Nasa, que encontrou vastas áreas de derretimento de gelo no continente em 2005, um processo que pode acelerar o derretimento invisível sob a superfície.

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