A população dos oceanos poderá se reduzir a apenas 10% do que existe atualmente em 2048 se a destruição do habitat e a pesca predatória continuarem aos ritmos atuais. Isto terá sérias implicações para a alimentação humana e das espécies que dependem da fauna e flora marinhas para sobreviver.
O alerta é de um estudo feito por cientistas da Universidade Dalhousie, em Halifax, Canadá, publicado na revista "Science". Eles examinaram dados científicos das cinco últimas décadas, incluindo dados sobre a pesca, de 1950 a 2003, nos 64 grandes ecossistemas marinhos de onde saíram 83% da pesca no período. Atualmente, 29% das espécies estão ameaçadas de extinção.
"Se olhamos para estudos localizados ou dos oceanos mundiais, o quadro é o mesmo. Ao extinguir espécies, perdemos a produtividade e a estabilidade de ecossistemas inteiros. Fiquei chocado com a consistência dessas tendências que observamos, bem mais graves do que pensávamos - afirmou o coordenador do estudo, Boris Worm, que contou com a ajuda de 12 cientistas dos Estados Unidos, Canadá, Suécia e Panamá.
O professor Worm alertou que a redução das espécies marinhas fará com que os oceanos enfraqueçam sua capacidade de recuperar-se de mudanças climáticas e da poluição. Ele comparou o meio ambiente oceânico a uma carteira diversificada de investimentos.
"Com muitas espécies diferentes espalhadas nos mares, como acontece com investimentos diversificados, nós dispersamos os riscos. No eccossistema oceânico estamos perdendo muitas espécies em nosso portfólio de ações, o que provoca queda de produtividade e instabilidade. Ao perder a estabilidade, comprometemos a capacidade do sistema de se regenerar," explicou.
Ele alertou que não é tarde para agir. É preciso proibir a pesca em vastas regiões através de reservas de vida marinha, o que gera aumento da pesca nas zonas imediatamente fora dessas reservas a médio prazo. A recuperação do ecossistema costeiro pode evitar riscos como a eclosão de doenças, inundações e ação de algas venenosas, afirmou Worm.
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