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Diplomacia

Ocidente e aliados apostam em acordos e parcerias para aumentar cerco à China

Primeira cúpula presencial do Quad, que reúne EUA, Austrália, Japão e Índia, foi realizada em setembro (Foto: EFE/EPA/Sarahbeth Maney)

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Dois eventos em setembro sinalizaram que o Ocidente e seus aliados iniciam uma nova fase nas tentativas de conter o poderio bélico e econômico da China: o anúncio do acordo militar Aukus, entre Estados Unidos, Reino Unido e Austrália; e a primeira cúpula presencial do Quad, grupo de debates diplomáticos e sobre segurança que reúne EUA, australianos, Japão e Índia.

Ainda que líderes dos países envolvidos tenham dito que as duas iniciativas não são uma resposta à China, os comentários públicos deixaram claro que Pequim é uma preocupação central das conversas.

“O Indo-Pacífico é uma região que desejamos que esteja sempre livre de coerção, onde os direitos soberanos de todas as nações sejam respeitados e onde as disputas sejam resolvidas pacificamente e de acordo com o direito internacional”, afirmou o primeiro-ministro australiano, Scott Morrison. A China tornou pública sua insatisfação, ao considerar que o Aukus “prejudica seriamente a paz e a estabilidade regionais” e decretando que o Quad está “condenado ao fracasso”.

Ao menos no discurso, a ênfase do presidente americano Joe Biden em parcerias destoa da postura do seu antecessor. Donald Trump deixava clara sua antipatia por acordos multilaterais, citando preferência por tratados bilaterais, e logo no início de seu mandato, em janeiro de 2017, retirou os Estados Unidos da Parceria Transpacífica, acordo de livre-comércio com outros 11 países cujo objetivo era justamente fazer frente à China. Porém, no mesmo ano, Trump concordou em reativar o Quad, cujos diálogos haviam se iniciado quando George W. Bush (2001-2009) era o presidente americano.

Apesar de ressaltar a necessidade de diálogo, a busca de Biden por parcerias vem sendo criticada por deixar a União Europeia de lado, o que gerou grande reação quando o Aukus foi anunciado: a França reclamou publicamente do acordo porque este levou ao cancelamento de um contrato bilionário para compra de submarinos franceses com propulsão a diesel e elétrica pela Austrália – pelo Aukus, os australianos terão submarinos de propulsão nuclear.

Os franceses deram a entender que podem até atrapalhar as negociações para um acordo de livre-comércio da União Europeia com a Austrália e Nova Zelândia, que a Comissão Europeia negocia desde 2018.

Logo após o anúncio do Aukus, o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, afirmou que, apesar das promessas de renovar os laços com a Europa, Biden já havia criado uma saia-justa com seus aliados no continente ao manter o plano de Trump de retirada do Afeganistão, e o Aukus aumentou a desconfiança. Para conter a China, os europeus precisam ser chamados à mesa, argumentou Michel.

“Se os americanos pensam que a China é a principal ameaça ao mundo, é muito estranho, na minha opinião, que os Estados Unidos e outros países façam a escolha de enfraquecer a aliança transatlântica, ao invés de fortalecê-la. É muito estranho deixar a Europa fora do jogo na região do Indo-Pacífico”, declarou.

A busca de parcerias para conter o avanço econômico e militar da China se estende à América Latina. Na semana passada, o assessor de segurança nacional adjunto de Biden, Daleep Singh, visitou Colômbia, Equador e Panamá para discutir investimentos em infraestrutura para neutralizar a influência da China na região. Para este objetivo, é necessário correr contra o tempo: o Uruguai está negociando um acordo de livre-comércio com os chineses fora do Mercosul.

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