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Os países ocidentais estão "colocando sua própria segurança em risco" ao armarem a Ucrânia, advertiu na última quinta-feira (17) ao Conselho de Segurança da ONU o embaixador russo Vasily Nebenzia, para quem essas ações "jogam gasolina na fogueira" e "terão repercussões trágicas".
"Vemos como armas de todo tipo continuam a ser fornecidas (aos ucranianos) pelas capitais ocidentais. Colocando armas nas mãos de civis, os ocidentais sabem o risco que isso representa para sua própria segurança quando mísseis terra-ar e lança-granadas caem nas mãos de alguém?" afirmou o embaixador.
Nebenzia citou especificamente o anúncio feito ontem pelo presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, de que o governo americano forneceria US$ 800 milhões em drones, mísseis antiaéreos, projéteis antiblindados e armas de fogo e suas munições.
Medidas na mesma linha foram adotadas por outros países como Reino Unido, França, Holanda, Alemanha, Canadá, Espanha e Suécia.
"Infelizmente, a Ucrânia não é mais que um peão no tabuleiro de xadrez ocidental", disse o embaixador, que dedicou seu discurso a denunciar o que chamou de campanha de desinformação da mídia ocidental, principalmente em relação à cidade de Mariupol, que sofreu os ataques mais pesados nesta guerra e que segundo ele é "objeto de um grande número de mentiras".
Para o embaixador russo, todas as reportagens na mídia ocidental sobre o bombardeio de edifícios civis como o de uma maternidade e um teatro em Mariupol escondem que os membros do Batalhão de Azov, organização paramilitar que adota símbolos neonazistas abertamente, os teria transformado em suas bases.
Nebenzia ainda acusou as Forças Armadas ucranianas de impedir deliberadamente a retirada de civis a fim de "usá-los como escudos humanos".
Antes do discurso, embaixadores ocidentais haviam acusado a Rússia não apenas de atacar deliberadamente alvos civis, mas de procurar usar o Conselho de Segurança para praticar o "cinismo" de apresentar sua própria resolução destinada a "respeitar os princípios humanitários" na guerra que a Rússia chama de "operação militar especial".
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