O representante especial da Organização dos Estados Americanos (OEA) para o Haiti, o brasileiro Ricardo Seitenfus, foi afastado de suas funções após ter criticado o trabalho da comunidade internacional. À agência de notícias EFE, diplomatas da OEA disseram que Seitenfus foi "destituído" por causa de uma entrevista que deu ao jornal suíço Le Temps. O brasileiro, porém discorda e afirma que houve "um longo processo de desgaste".
Seitenfus disse ao Estado que até agora não foi comunicado oficialmente de seu afastamento. Ele deveria sair em férias no dia 17, mas, diante da crise política instalada após as eleições do dia 28 de novembro, decidiu permanecer no Haiti. Na segunda-feira, o secretário-geral da OEA, José Miguel Insulza, pediu-lhe que tirasse de vez suas férias. "Não pude ir contra a decisão", lamentou o brasileiro.
No mesmo dia, o Le Temps publicara uma entrevista com Seitenfus na qual ela criticava duramente a ação internacional no Haiti, dizendo que os capacetes azuis "não ajudam e só pioram a situação" e chamando atenção para a "perversa relação entre a força das ONGs e a fraqueza do Estado haitiano". Seitenfus ainda alfinetava Washington: "O Haiti paga por sua proximidade dos EUA." A entrevista foi publicada também no jornal Haiti Libre, de Porto Príncipe, e causou estardalhaço nas rádios comunitárias haitianas.
Já em Arroio do Tigre, cidade no Rio Grande do Sul onde vive, o brasileiro disse que a entrevista foi "apenas um elemento" que pode ter desagradado a alguns dos 34 países da OEA. O principal ponto de desgaste seria sua oposição ao governo provisório e, sobretudo, as críticas que fez à posição de países diante da crise instalada após as eleições. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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