Os chanceleres e representantes da OEA aprovaram ontem uma resolução de "solidariedade e apoio" ao Equador em seu conflito diplomático com o Reino Unido pelo asilo concedido ao fundador do WikiLeaks, Julian Assange, refugiado na embaixada de Quito em Londres desde junho.
A resolução pede que se "rejeite qualquer tentativa que ponha em risco a inviolabilidade das missões diplomáticas" e, "neste contexto, manifesta sua solidariedade e apoio" ao Equador. As manifestações mais intensas foram de seus aliados regionais Venezuela, Nicarágua, Argentina e Bolívia , além do Uruguai.
O chanceler venezuelano, Nicolás Maduro, considerou que a carta atribuída ao Foreign Office recebida pelo Equador foi uma ameaça.
Para o chanceler argentino, Héctor Timmerman, a ação é uma ameaça a todos os países presentes. A carta também foi rejeitada por México e Colômbia, que lembraram as normas do direito internacional e a Convenção de Viena em seus votos.
Ressalvas
O documento foi aprovado em consenso, mas com ressalvas de Estados Unidos, Canadá e Panamá. Durante sua intervenção, o secretário-adjunto de Estado para a América Latina, John Feeley, considerou que há "garantias" de que não houve a ameaça que o Equador diz ter recebido de Londres para entrar em sua embaixada em Londres.
"Sejamos realistas e claros. Não devemos perpetuar o debate sobre ameaças sobre as quais já se deu garantias de que não existem", disse.
Feeley se referiu à carta enviada na semana passada pelo governo britânico à embaixada equatoriana, na qual advertia sobre a possibilidade de recorrer a uma lei de 1987 que o permitiria entrar na missão para deter Assange, requerido pela Justiça sueca por supostos abusos sexuais.
Feeley afirmou que o assunto não deveria ser discutido na organização, assim como a representante do Canadá, Wendy Drukier, lembrando que o Reino Unido "disse que não houve nenhuma ameaça proposital" contra a embaixada equatoriana.
Assange
Em referência à reunião da OEA, o fundador do WikiLeaks, Julian Assange, disse que o encontro pan-americano é "uma grande oportunidade à solidariedade e reflete o aumento do espírito de independência da América Latina".
As declarações foram feitas durante uma intervenção por telefone na reunião da Frente de Esquerda da França, ontem.
O partido é comandado por Jean-Luc Mélenchon, quarto colocado no pleito presidencial que elegeu François Hollande, em maio.
Mélenchon pediu às autoridades britânicas que facilitem o salvo-conduto e lembrou o caso da soltura do ex-ditador chileno Augusto Pinochet, em 1999.
A intervenção de Assange viola o pedido feito pelo Equador de não fazer declarações políticas quando foi concedido o asilo, na semana passada.