Julian Assange antes de discurso na Embaixada do Equador, em Londres, no último domingo| Foto: Chris Helgren/Reuters

Negociação

Reino Unido quer retomar contatos com governo equatoriano

EFE

O Reino Unido enviou uma carta à embaixada equatoriana em Londres para retomar as conversas sobre a situação de Julian Assange, disse ontem um porta-voz do Ministério das Relações Exteriores britânico.

A fonte se limitou a assinalar que foi enviada uma "comunicação formal" às autoridades da legação diplomática equatoriana, onde Assange está abrigado desde 19 de junho para evitar sua extradição à Suécia.

O objetivo seria retomar as conversas sobre a situação do ativista australiano, na qual os dois países têm posturas opostas, já que o Equador lhe concedeu um "asilo diplomático" que o Reino Unido não reconhece.

O Governo britânico deixou claro que o fundador do site WikiLeaks será detido assim que sair da embaixada equatoriana, pois tem "a obrigação legal" de extraditá-lo à Suécia, onde é reclamado por supostos delitos sexuais.

Londres rejeita outorgar um salvo-conduto a Assange, responsável pelo vazamento de milhares de documentos diplomáticos que puseram em xeque Governos de todo o mundo.

Fontes da embaixada equatoriana em Londres disseram que não houve contatos com autoridades do Governo britânico desde a semana passada e assinalaram que Assange pode ficar na legação diplomática por prazo indefinido.

CARREGANDO :)

Os chanceleres e representantes da OEA aprovaram ontem uma resolução de "solidariedade e apoio" ao Equador em seu conflito diplomático com o Reino Unido pelo­­ asi­­lo­­ concedido ao fundador do­­ WikiLeaks, Julian Assange, re­­fugiado na embaixada de Qui­­to em Londres desde junho.

A resolução pede que se "rejeite qualquer tentativa que ponha em risco a inviolabilidade das missões diplomáticas" e, "neste contexto, manifesta sua solidariedade e apoio" ao Equador. As manifestações mais intensas foram de seus aliados regionais – Venezuela, Nicarágua, Argentina e Bolívia –, além do Uruguai.

Publicidade

O chanceler venezuelano, Nicolás Maduro, considerou que a carta atribuída ao Foreign Office recebida pelo Equador foi uma ameaça.

Para o chanceler argentino, Héctor Timmerman, a ação é uma ameaça a todos os países presentes. A carta também foi rejeitada por México e Colômbia, que lembraram as normas do direito internacional e a Convenção de Viena em seus votos.

Ressalvas

O documento foi aprovado em consenso, mas com ressalvas de Estados Unidos, Canadá e Panamá. Durante sua intervenção, o secretário-adjunto de Estado para a América Latina, John Feeley, considerou que há "garantias" de que não houve a ameaça que o Equador diz ter recebido de Londres para entrar em sua embaixada em Londres.

"Sejamos realistas e claros. Não devemos perpetuar o debate sobre ameaças sobre as quais já se deu garantias de que não existem", disse.

Publicidade

Feeley se referiu à carta enviada na semana passada pelo governo britânico à embaixada equatoriana, na qual advertia sobre a possibilidade de recorrer a uma lei de 1987 que o permitiria entrar na missão para deter Assange, requerido pela Justiça sueca por supostos abusos sexuais.

Feeley afirmou que o assunto não deveria ser discutido na organização, assim como a representante do Canadá, Wendy Drukier, lembrando que o Reino Unido "disse que não houve nenhuma ameaça proposital" contra a embaixada equatoriana.

Assange

Em referência à reunião­­ da OEA, o fundador do Wi­­kiLeaks, Julian Assange, disse que o encontro pan-americano é "uma grande oportunidade à solidariedade e reflete o aumento do espírito de independência da América Latina".

As declarações foram feitas durante uma intervenção por telefone na reunião da Frente de Esquerda da França, ontem.

Publicidade

O partido é comandado ­­por Jean-Luc Mélenchon, quarto colocado no pleito presidencial que elegeu François Hollande, em maio.

Mélenchon pediu às autoridades britânicas que facilitem o salvo-conduto e lembrou o caso da soltura do ex-­­ditador chileno Augusto Pinochet, em 1999.

A intervenção de Assange viola o pe­­dido feito pelo Equador de­­ não fazer declarações políticas quando foi concedido o asilo, na semana passada.