A Organização de Estados Americanos (OEA) concluiu nesta quinta-feira (23) uma sessão extraordinária de seu Conselho Permanente sobre a crise na Venezuela sem adotar uma decisão sobre a aplicação da Carta Democrática ao país latino-americano.
Depois de quatro horas de discussões, o embaixador da Argentina, Juan José Alcurri, que ocupa a presidência rotativa do Conselho, encerrou a sessão sem que os países tivessem decidido adotar algum tipo de medida para responder à situação venezuelana.
Antes, o secretário-geral da OEA, Luis Almagro, pediu aos países do continente que ficassem “do lado certo da história” ao defender a democracia na Venezuela.
“O Conselho Permanente deve manter-se do lado correto da história e defender um povo que precisa de voz”, afirmou Almagro ante o plenário de embaixadores dos 34 países da OEA durante a reunião deste corpo em Washington.
A democracia venezuelana foi examinada pela sessão extraordinária convocada por Almagro e à qual Caracas se opunha.
Almagro apresentou aos embaixadores dos 34 países do fórum regional seus questionamentos quanto à situação dos direitos humanos e políticos na Venezuela, contidos em um crítico relatório de 132 páginas que evoca a Carta Democrática Inter-americana.
Os países da região deviam realizar uma apreciação coletiva para determinar se o governo venezuelano cumpre com as normas democráticas fixadas na Carta, um documento vinculante que faculta à OEA o direito de atuar em casos de “alteração da ordem pública” em um país membro.
Na Venezuela
Enquanto a sessão se desenrolava nos Estados Unidos, na Venezuela, a mulher do líder opositor venezuelano Leopoldo López, Lilian Tintori, comandou um protesto na porta da sede da Organização em Caracas. Na capital, venezuelanos deitaram sobre o chão para pedir que a instituição ative o documento contra o governo de Maduro.
Segunda da semana
A sessão desta quinta-feira foi segunda esta semana sobre a situação venezuelana na sede do organismo regional, em Washington, depois que o ex-presidente do governo espanhol, José Luis Rodríguez Zapatero, usou da palavra para convocar os países do continente a apoiar uma mediação da crise.
Zapatero defendeu a “plena imparcialidade” da iniciativa de mediação na Venezuela e pediu que se dê “uma oportunidade” ao diálogo entre governo e oposição no país.
O ex-governante espanhol falou como porta-voz da iniciativa que conduz, sob os auspícios da Unasul, em conjunto com os ex-presidentes Leonel Fernández, da República Dominicana, e Martín Torrijos, do Panamá, para concretizar um diálogo entre o governo venezuelano e a oposição.
Depois de um mês de gestões e cerca de 20 reuniões em Caracas e Santo Domingo em separado com as duas partes, a iniciativa não conseguiu superar a mútua desconfiança entre o governo do presidente Nicolás Maduro e as forças opositoras que impulsionam um referendo revogatório contra ele.