O ministro das Relações Exteriores Antonio Patriota admitiu nesta quinta-feira (23) que a reunião da Organização dos Estados Americanos (OEA), convocada para sexta-feira (24) com o objetivo de discutir o caso Julian Assange, não dará uma solução para o impasse diplomático entre Equador e Reino Unido. Segundo ele, o encontro deve se limitar a encorajar as duas partes a dialogar.
A reunião foi convocada na última sexta-feira a pedido do Equador e teve o apoio de 23 países-membros - incluindo todos os sul-americanos. O encontro em Washington é a nível de chanceleres, mas o Itamaraty enviará o embaixador para assuntos de América Latina, Antonio Simões, a exemplo do que fez no fim de semana, na reunião da União de Nações Sul-americanas (Unasul).
"A reunião é centrada na questão da inviolabilidade das missões diplomáticas. Um tema importante para qualquer país e que, inclusive, já foi debatido no Conselho de Segurança. Não tem a pretensão de resolver o impasse, mas o que temos que fazer é encorajar Reino Unido e Equador a continuarem o seu diálogo para encontrarem uma solução", disse Patriota, antes de um seminário no Rio.
O Equador denuncia que a inviolabilidade de sua missão diplomática foi posta em jogo quando Londres, num comunicado, recordou a existência de uma lei britânica que permitiria uma eventual invasão da embaixada para prender o fundador do WikiLeaks.
Garzón: carta na manga
Na quinta-feira, a representante de Quito na OEA, María Isabel Salvador, criticou Estados Unidos e Canadá por terem se oposto à realização da reunião.
"Quando EUA e Canadá votam contra, estão dizendo que não estão de acordo com a defesa da inviolabilidade. E isso é grave para todos, não só na OEA", disse María Isabel.
Ao apresentarem seu voto na semana passada, os dois países alegaram que o assunto é bilateral e não deveria ser discutido na OEA. Assange está há mais de dois meses na Embaixada Equatoriana em Londres, onde se refugiu para evitar ser enviado à Suécia, que o investiga por estupro. Ele conseguiu asilo do Equador, mas o Reino Unido ameaça prendê-lo e extraditá-lo se ele deixar a legação diplomática.
Seu advogado, o ex-juiz espanhol Baltazar Garzón, confirmou nesta quinta-feira que vai à Corte Internacional de Justiça para conseguir o salvo-conduto.
Em entrevista coletiva em Brisbane, Garzón criticou a Austrália por não oferecer assistência consular a Assange, cidadão do país, e disse ter uma carta na manga que poderia ajudar o fundador do WikiLeaks contra as denúncias na Suécia. Ele não revelou o que seria, mas disse que causará uma "grande surpresa".