A Organização dos Estados Americanos (OEA) se preparava para suspender Honduras neste sábado (4) depois que o presidente interino daquele país se recusou a reinstaurar Manuel Zelaya no poder.
A decisão de Honduras de se distanciar do grupo regional aconteceu depois que o governo de transição rejeitou uma exigência da OEA de restaurar Zelaya, derrubado por tropas militares na pior crise política na América Central desde a invasão do Panamá, em 1989.
Honduras, um país pobre que depende da exportação de café e têxteis, pode se tornar o segundo país na história a ser suspenso pelo mais importante organismo diplomático das Américas. O primeiro foi Cuba, depois que Fidel Castro instituiu um governo socialista na ilha.
Depois de dar um prazo de 72 horas para Honduras, o secretário-geral da OEA, José Miguel Insulza, disse que o governo interino não mostrou interesse algum em reinstaurar Manuel Zelaya.
O presidente expulso havia enervado a oposição ao levar adiante uma tentativa de acabar com os limites da reeleição presidencial e aliar-se ao presidente esquerdista da Venezuela, Hugo Chávez.
"Há uma ruptura da ordem constitucional e aqueles que fizeram isso não têm intenção, neste momento, de mudar essa situação", Insulza disse a repórteres em Tegucigalpa, a capital do país de sete milhões de habitantes.
A OEA, baseada em Washington DC, EUA, vai se reunir para uma sessão extraordinária neste sábado para discutir a crise.
O governo Obama, países da Europa e os aliados de esquerda do presidente derrubado já cunharam a retirada de Zelaya de um golpe militar e condenaram o movimento. Mas o governo interino disse que apenas sacou legalmente do poder um presidente que estava violando a constituição.
O governo interino manteve o tom de desafio e anunciou que renunciaria ao estatuto da OEA, um passo para sair da organização.
"É melhor pagar esse preço alto ... que viver de forma indigna e abaixar nossas cabeças às exigências de governos estrangeiros", disse Roberto Micheletti, o presidente interino nomeado pelo Congresso de Honduras depois que Zelaya foi derrubado.
Alguns dos aliados de esquerda de Zelaya disseram que viajariam com o presidente exilado para Honduras no sábado, mas o plano pode ser suspenso por conta da disputa com a OEA.
A crise tornou-se um teste para o presidente americano Barack Obama numa região onde ele tenta melhorar a imagem dos Estados Unidos e onde Chávez está espalhando sua mensagem de revolução socialista para conter a influência de Washington.
Os EUA criticaram o golpe e decidem na semana que vem se cortam a ajuda econômica a Honduras, um dos países mais pobres das Américas. Mas o governo Obama deixou a OEA tomar as rédeas na resolução da crise.
As disputas internas não afetaram o fornecimento de café, apesar de países vizinhos da América Central terem realizado um bloqueio de dois dias em protesto ao golpe.