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Acostumado a se valer da guerrilha digital e campanhas midiáticas para perseguir opositores e desestabilizar outros países, ditador se incomoda por oposição e povo venezuelanos recorrerem a redes sociais para driblar a censura
Acostumado a se valer da guerrilha digital e campanhas midiáticas para perseguir opositores e desestabilizar outros países, ditador se incomoda por oposição e povo venezuelanos recorrerem a redes sociais para driblar a censura| Foto: EFE/Ronald Peña R.

Além da oposição, o ditador Nicolás Maduro encontrou outro bode expiatório para os protestos que seu regime vem reprimindo violentamente desde a mais recente fraude eleitoral na Venezuela: as redes sociais.

Depois de ter chamado o proprietário do X, Elon Musk, para uma luta e acusá-lo de orquestrar um ataque hacker contra o chavista Conselho Nacional Eleitoral (CNE) e de fazer parte de uma seita satânica, esta semana Maduro disse que Instagram, TikTok e WhatsApp estariam por trás de tentativas de desestabilizar a Venezuela.

“Acuso o TikTok e acuso o Instagram de responsabilidade na instalação do ódio para dividir os venezuelanos, para buscar uma matança e uma divisão da Venezuela. Para trazer o fascismo à Venezuela. Golpe de Estado ciberfacista e criminal”, discursou o tirano.

Maduro também publicou um vídeo no qual aparece apagando o WhatsApp do seu celular. Ele alegou que o aplicativo estaria sendo usado para o planejamento de ataques contra as forças de segurança venezuelanas.

“O WhatsApp deu a lista [de usuários do app] da Venezuela aos terroristas [manifestantes] para que pudessem atacá-los, atacam os oficiais e a família militar do país, a Polícia Nacional Bolivariana [PNB], atacam toda a institucionalidade do país, todos os cinco poderes estão sob ataque do WhatsApp”, afirmou o ditador. As redes sociais citadas por Maduro não se pronunciaram sobre as acusações.

Órgãos de imprensa independentes da Venezuela já especulam que o país pode se juntar em breve ao clube das ditaduras que restringiram ou proibiram totalmente grandes redes sociais, como Rússia, China e Irã, parceiros de Maduro.

Um relatório recente do think tank americano Atlantic Council, publicado antes da eleição de 28 de julho na Venezuelana, indicou algumas razões para o ódio do ditador pelas redes sociais.

Num país em que a imprensa independente é censurada, muitos jornalistas têm recorrido exclusivamente a essas plataformas para publicar conteúdos críticos ao regime chavista.

“De fato, as redes sociais e plataformas de mensagens se tornaram os principais canais para acessar notícias na Venezuela. Instagram e Facebook são as plataformas mais usadas pelos cidadãos venezuelanos. No entanto, jornalistas e políticos preferem o Twitter (agora X) como fonte de notícias de última hora e comentários sobre eventos atuais”, apontou o relatório.

O Atlantic Council relatou que o TikTok é mais usado na Venezuela por “jovens politicamente desengajados”, mas ativistas venezuelanos “usam as redes sociais para conectar comunidades em todas as regiões do país e convocar protestos”.

No caso do WhatsApp, indicou o documento, “a estrutura criptografada e privada da plataforma oferece alguma proteção contra a vigilância governamental, tornando-a mais segura para conversas sobre assuntos políticos”.

As redes sociais se tornaram a nova frente da guerra digital de Maduro, acostumado a bloquear sites e realizar campanhas midiáticas para demonizar jornalistas e adversários, antes de mandar as forças de segurança prendê-los.

Essa perseguição, segundo o Atlantic Council, inclui operações de desinformação patrocinadas pelo regime chavista com amplo uso de redes sociais, imprensa estatal, diplomacia, influenciadores estrangeiros e organizações patrocinadas pela Venezuela em países-alvo.

“As operações venezuelanas têm como alvo não apenas o público doméstico, mas também o público de outros países, o que inclui interferir nas eleições de outros países latino-americanos e tentar influenciar decisões judiciais em países africanos”, destacou o think tank.

A ditadura venezuelana ser ameaçada pela comunicação digital, da qual já fez tanto uso em nome dos seus interesses sinistros, não deixa de ser uma justiça poética. Resta saber quem vencerá essa guerra digital.

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