Pássaro contaminado recebe tratamento: gotículas de óleo estão sendo encontradas em caranguejos jovens, dos quais as aves se alimentam| Foto: Sean Gardner/Reuters

Contenção

BP adia nova tentativa para interromper derramamento

Enfrentando pesadas críticas de acionistas e do governo americano, a British Petroleum (BP) precisou adiar testes que começariam na terça-feira para fechar as válvulas da nova peça com a qual a companhia tentará conter o vazamento de petróleo no Golfo do México. A BP culpou o governo dos EUA, que teria pedido mais análises antes de realizar a operação. Os testes devem verificar se a nova peça – após inúmeras outras tentativas de contenção – evitará a saída do petróleo ao mar, que ocorre há 86 dias.

O pedido de adiamento teria sido feito em reunião entre o secretário de energia de EUA, Steven Chu e a diretora do Instituto Geológico dos Estados Unidos, Marcia McNutt.

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Veja área atingida por vazamento no Golfo do México
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Pesquisadores afirmam ter de­­tectado os primeiros sinais de que o vazamento de petróleo que po­­lui o Golfo do México desde 20 de abril, após explosão em plataforma da British Petroleum, está al­­terando a cadeia alimentar submarina, ao matar ou contaminar alguns seres vivos e estimular o desenvolvimento de outros, mais adaptadas ao ambiente sujo.

Perto da região do derramamento, cientistas documentaram uma alta mortandade de pirossomos, organismos gelatinosos que servem de alimento para tartarugas marinhas. Ao longo da costa, gotículas de óleo estão sendo en­­contradas no interior da carapaça de caranguejos jovens que são o principal ingrediente da dieta de peixes, tartarugas e pássaros. E, na base da cadeia alimentar, organismos minúsculos que consomem óleo e gás estão proliferando.

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O transporte do petróleo por pequenos seres vivos pode ainda levar o impacto para uma área ma­­ior que a estimada inicialmente.

Se esses impactos persistirem, os cientistas advertem que uma alteração da vida marinha poderá ter um efeito em cascata sobre to­­do o ecossistema e colocar em pe­­rigo a indústria pesqueira da re­­gião.

Autoridades federais asseguram que os impactos não são irreversíveis e que nenhum fruto do mar contaminado foi encontrado até o momento. Mas o deputado Ed Markey, que chefia o comitê parlamentar que investiga o va­­zamento, advertiu que o problema ainda está se desenrolando e que o óleo tóxico pode vir a afetar frutos do mar consumidos por se­­res humanos à medida que os pre­­dadores se alimentarem de vida marinha contaminada.