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Direitos Humanos

Olimpíadas de Inverno: imprensa dos EUA trata a China com condescendência

Manifestantes pedem o boicote aos Jogos de Inverno de Pequim. (Foto: EFE/EPA/SALVATORE DI NOLFI)

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Ainda que o embaixador norte-americano nas Nações Unidas tenha declarado recentemente que as Olimpíadas de Inverno de Pequim não são “normais” porque “sabemos que um genocídio está sendo cometido naquele país”, boa parte da imprensa parece ter ignorado a mensagem. A mídia se dispôs a usar sua antiga ideia de jornalismo “plural”, dando credibilidade às negações da China quanto às violações dos direitos humanos.

Na sexta-feira, a China escolheu Dinigeer Yilamujiang, um esquiador que o país diz ter raízes uigures, para acender a tocha olímpica e dar início aos jogos no final da cerimônia de abertura em Pequim – estratégia que a embaixadora Linda Thomas-Greenfield disse ter sido criada “para nos distrair o problema real das torturas que os uigures sofrem”.

No entanto, Savannah Guthrie, da NBC, expressou uma opinião diferente sobre isso durante a transmissão da cerimônia. “Este momento é provocativo. É uma mensagem do presidente chinês Xi Jinping”, disse Guthrie. “É uma resposta clara às nações ocidentais, incluindo os EUA, que têm chamado o tratamento que a China dispensa aos uigures de genocídio, boicotando diplomaticamente os jogos”.

Os apresentadores da NBC chamaram a atenção para as violações dos direitos humanos na China durante a abertura de cerimônia, mas optaram por “mostrar os dois lados”, dizendo que o genocídio dos uigures e outras atrocidades são “alegações” dos Estados Unidos, e não fatos conhecidos.

Guthrie observou que “algumas pessoas andaram dizendo que há uma sombra sobre esses Jogos Olímpicos, que a China tem sido alvo de ataques por causa de suas políticas e práticas”.

Ela disse ainda que os EUA estão impondo um boicote diplomático aos Jogos por causa dos direitos humanos, “sobretudo por causa do tratamento que a China dispensa à minoria uigur na região de Xinjiang”. Em seguida, completou dizendo que os EUA “se apressaram” em chamar isso de “genocídio”.

A ESPN deu espaço para o analista de esportes J. A. Adande, que disse ser uma hipocrisia por parte dos norte-americanos se aterem às violações aos direitos humanos na China durante as Olimpíadas, ainda mais depois dos “ataques aos direitos eleitorais” perpetrados pelos Republicanos e diante das injustiças raciais nos Estados Unidos.

Durante uma participação no programa “Around The Horn”, Adande, ex-redator da rede e diretor de jornalismo esportivo na Northwestern University, disse que os Estados Unidos deveriam refletir sobre o próprio comportamento e sobre como tratam as pessoas antes de atacar a China.

“Quem somos nós para criticarmos o histórico dos direitos humanos na China sendo que temos ataques contínuos de agentes do Estado contra cidadãos desarmados e até ataques aos direitos eleitorais das pessoas de cor em vários estados do país?”, perguntou ele. “O mesmo acontece nos esportes. Acho que é possível e necessário, mais do que nunca, ignorar tudo se você pretende aproveitar os jogos”.

Ele acrescentou ainda que “é muito difícil encontrar um país que não seja problemático quando se trata de direitos humanos, incluindo os Estados Unidos”.

Enquanto isso, o The New York Times publicou um artigo elogiando a política de “Covid zero” da China, que incluiu a implementação de lockdowns severos e de outras medidas autoritárias. O jornal elogia a China por ter “quase certamente” feito um ótimo trabalho na gestão da pandemia, por mais que o jornal reconheça que os dados do país sobre a pandemia – incluindo o fato de a China ter uma das menores taxas de mortalidade por Covid-19 do planeta – “são suspeitos” e “artificialmente baixos”.

“O sucesso da China no controle da Covid-19 é um triunfo de relações públicas para o regime”, escreveram os jornalistas David Leonhardt e Ian Prasad Philbrick. “O presidente Xi Jinping usa a gestão do vírus pelo governo para promover uma campanha mundial de influência, argumentando que o sistema chinês é melhor do que as democracias ocidentais”.

Apesar dos problemas de outros veículos de comunicação, Jake Tapper, da CNN, merece ser citado por atacar a decisão estratégica da China de colocar Yilamujiang para acender a tocha e por atacar “o constrangedor duplo padrão da NBA e de Hollywood, por exemplo, que exaltam as injustiças nos Estados Unidos e ao mesmo tempo se submetem à autocensura quanto às atrocidades cometidas pelo governo chinês”. Ele chega a dizer que é “nojento” ver como as empresas norte-americanas “ignoram o genocídio real e o trabalho escravo em troca do dinheiro chinês”.

© 2022 National Review. Publicado com permissão. Original em inglês 

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