O primeiro-ministro israelense, Ehud Olmert, disse nesta segunda-feira que suspendeu o plano de retirada israelense de partes da Cisjordânia ocupada, após uma guerra em que extremistas árabes dispararam diversos foguetes sobre o Estado judeu.
- Não tenho dúvida de que alguma coisa mudou na ordem das prioridades que eu acreditava ser correta. Neste momento a questão do realinhamento não está na pauta de prioridades como estava há dois meses - disse Olmert ao Comitê de Assuntos Exteriores e Defesa do Parlamento, segundo um funcionário que costuma informar jornalistas sobre o que é discutido no Parlamento.
Foi a primeira aparição do premier diante do comitê desde que os 34 dias de combates com o grupo libanês Hezbollah terminaram num cessar-fogo, em 14 de agosto.
Mas Olmert não chegou a declarar o fim definitivo do plano que foi o elemento principal do programa com o qual se elegeu, em março.
O plano previa que Israel retirasse dezenas de assentamentos judaicos isolados da Cisjordânia e reforçasse os principais enclaves que quer manter no território, fixando com isso uma fronteira permanente até 2010.
Mas o ressurgimento da violência na Faixa de Gaza, da qual Israel retirou seus assentamentos no ano passado, aliado à guerra do Líbano, parece ter diminuído o apoio público a propostas de retirada de territórios.
O fato de o Hezbollah ter disparado quase quatro mil foguetes contra o Norte de Israel a partir do Líbano durante o conflito recente suscitou entre israelenses o temor de que uma retirada da Cisjordânia possa deixar cidades centrais do país vulneráveis a ataques semelhantes de radicais palestinos.
Um assessor de Olmert disse no mês passado que a prioridade mais urgente do premier agora é a recuperação econômica do Norte de Israel e reparar os danos provocados pelos ataques do Hezbollah.
Setores de direita que se opuseram à retirada da Faixa de Gaza dizem que outra retirada unilateral apenas incentivaria os extremistas palestinos que freqüentemente disparam foguetes contra o Sul de Israel.
Os palestinos também se mostram arredios em relação ao plano para a Cisjordânia, dizendo que ele lhes negaria a possibilidade de formar um Estado viável.
- Precisamos lidar com a questão palestina, mas estudar outras maneiras de fazê-lo - disse Olmert, reiterando sua promessa de se reunir com o presidente palestino, Mahmoud Abbas, cuja facção Fatah foi derrotada pelo grupo radical islâmico Hamas na eleição geral de janeiro.