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África do Sul

Ômicron é mais resistente à vacina mas parece causar doença menos grave, diz estudo

Análise dos casos de Covid-19 causados pela variante ômicron na África do Sul indica que as vacinas devem proteger contra internações (Foto: EFE/EPA/KIM LUDBROOK)

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A variante ômicron do coronavírus parece causar casos menos graves de Covid-19, e a vacina da Pfizer aparentemente oferece menos proteção à infecção pelo coronavírus, enquanto ainda protege contra casos graves da doença, de acordo com uma análise preliminar de pesquisadores da África do Sul, onde a nova variante tem causado uma nova onda de contágios.

As pessoas que receberam duas doses do imunizante da Pfizer poderiam estar cerca de 70% mais protegidos do que os não vacinados contra a necessidade de internação por infecção pela variante ômicron, embora a eficácia de impedir o contágio seja de 33%, aponta os resultados do estudo, que foram divulgados por enquanto apenas em comunicado à imprensa.

A pesquisa ainda não foi publicada em periódico científico revisado por pares, mas está de acordo com outros estudos preliminares a respeito da proteção das vacinas contra a infecção pela nova variante.

As conclusões são baseadas em 78 mil casos positivos atribuídos à variante ômicron, de um total de 210 mil registrados e analisados pela seguradora privada de saúde Discovery e o Conselho de Pesquisa Médica da África do Sul.

Do total destas infecções, 41% são de pessoas que tinham sido vacinadas com duas doses da vacina desenvolvida pela aliança das companhias Pfizer e BioNTech, que é a mais usada no país africano.

Os dados coletados apontam que a eficácia do esquema completo de imunização contra a transmissão caiu dos 80% observados contra a variante delta, para 33% contra a ômicron.

Além disso, a diferença de proteção contra a forma grave da Covid-19 e a necessidade de hospitalização entre os vacinados e não vacinados foi reduzida de 93% contra a delta para 70% contra a variante.

A pesquisa não analisou o efeito das doses de reforço, ou terceira dose da vacina, porque a África do Sul ainda não aplicou essas doses na população. Outros estudos recentes indicam que as doses adicionais melhoram a proteção contra a ômicron.

"Os dados indicam que a gravidade da ômicron é 29% mais baixa do que a primeira onda de infecções da Covid-19 na África do Sul", aponta o estudo, o primeiro realizado com informações reais atribuídas ao impacto da variante recentemente descoberta.

Além disso, a pesquisa aponta que o período de incubação poderia ser menor com a ômicron, de três a quatro dias, e que os sintomas mais comuns são dor de garganta e mucosidade.

"A maior parte dos hospitalizados são os não vacinados", reforça o estudo da seguradora Discovery e do Conselho de Pesquisa Médica da África do Sul. A pesquisa aponta que apenas 16% dos pacientes que precisaram ser internados em UTIs contavam com esquema completo de vacinação.

"O que traz esperança é uma trajetória mais plana das internações, o que indica, provavelmente, uma gravidade mais baixa", afirmou Ryan Noach, diretor-executivo da Discovery.

Os casos estudados não necessariamente passaram pelo sequenciamento genômico, mas são atribuídos à ômicron, pela crescente predominância da variante na África do Sul.

Os especialistas estimam que a ômicron é responsável por mais de 90% dos casos novos de Covid-19 na África do Sul.

Ainda é cedo para conclusões

Especialistas têm alertado que ainda é cedo para se chegar a conclusões definitivas sobre o impacto da variante ômicron, que foi descoberta há menos de um mês. As hospitalizações e mortes por Covid-19 costumam ocorrer semanas após as infecções.

"Esses são dados preliminares, não devemos esperar que eles sejam a palavra final, mas eles são indicadores do tipo de resposta que podemos esperar a medida que conseguimos mais dados", ressaltou Peter English, consultor de Controle de Doenças Comunicáveis no Reino Unido.

"A análise [da África do Sul] cobre apenas três semanas de dados. Por isso, é importante evitar fazer muitas inferências agora de qualquer cenário nacional", disse Michael Head, pesquisador sênior de Saúde Global da Universidade de Southampton, ao Science Media Centre.

"Por exemplo, a narrativa em torno da África do Sul é que a ômicron pode ser muito mais leve, enquanto dados da Dinamarca sugerem o contrário. Isso reflete a incerteza de novos dados", adverte o pesquisador, acrescentando que só o tempo dirá se a ômicron é mais ou menos severa do que a variante delta, a predominante no mundo atualmente.

OMS alerta sobre expansão rápida da ômicron

A variante ômicron do coronavírus já foi reportada em 77 países, mas provavelmente já está presente em todo o mundo, e se propaga "em um ritmo que não vimos em nenhuma das cepas anteriores", advertiu nesta terça-feira a Organização Mundial da Saúde (OMS).

"Provavelmente já está na maioria dos países, mesmo onde ainda não foi detectada", disse o diretor geral da OMS, Tedros Adhanom, em entrevista coletiva na qual expressou preocupação com o fato de grande parte da sociedade ter baixado a guarda diante da evolução do vírus.

"As pessoas estão considerando que a variante ômicron está associada a casos menos graves, mas aprendemos antes que subestimar este vírus é perigoso. Mesmo que a ômicron provoque menos casos graves, um aumento acentuado das infecções pode novamente sobrecarregar os sistemas de saúde mal preparados", advertiu o chefe da organização sediada em Genebra.

Tedros insistiu que "as vacinas por si só não vão tirar nenhum país desta crise", uma vez que a transmissão do coronavírus deve ser abordada por outros meios, incluindo a utilização de máscaras, evitar lugares fechados, promover boa ventilação e fazer a higiene das mãos.

"Pratiquem tudo isto, de forma consistente e correta", insistiu o diretor geral.

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