A Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou nesta quinta-feira estar "razoavelmente confiante" que o vírus Ebola que assola três países do oeste da África não se espalhou para Estados vizinhos.
Indagado se países como Guiné-Bissau e Costa do Marfim podem ter casos da doença cruzando suas fronteiras sem saber do fato ou relatá-lo, o diretor-geral assistente da OMS, Keiji Fukuda, disse considerar o cenário improvável.
"Estamos razoavelmente confiantes neste momento de não estarmos vendo uma transmissão generalizada em países vizinhos", afirmou Fukuda a repórteres. "Ainda existe uma preocupação... (mas) neste momento acho que não vemos isso".
"Continuaremos atentos a uma disseminação maior da infecção, mas simplesmente não a vimos", acrescentou.
O Comitê de Emergência da OMS, que presta conselhos sobre o Ebola, disse mais cedo nesta quinta-feira que examinar as pessoas que partem de Libéria, Serra Leoa e Guiné continua sendo crucial para reduzir a propagação da febre hemorrágica.
Na pior das hipóteses, a verificação deveria consistir de "um questionário, uma medição de temperatura e, se for detectada febre, uma avaliação do risco de a febre ser causada pelo Ebola", afirmou o comitê.
Na semana passada, a OMS anunciou que irá enviar equipes de especialistas ao Mali e à Costa do Marfim, dois dos países mais ameaçados, para averiguar o quanto estão preparados.
O prejuízo econômico de um grande surto na Costa do Marfim seria sentido em todo o mundo, já que a nação e sua vizinha Gana produzem cerca de 60 por cento do cacau do mundo.
Embora o Senegal e a Nigéria tenham conseguido conter a doença depois que foi levada por viajantes, o vírus ainda está espalhado nos três países da África Ocidental mais atingidos pela epidemia, a pior já registrada.
Pelo menos 4.877 mortes foram confirmadas até o momento, mas o verdadeiro saldo pode ser três vezes maior.
A reação à doença agora se baseia em um "plano 70-70-60" isolar 70 por cento dos pacientes e enterrar com segurança 70 por cento dos cadáveres em um período de 60 dias até 1º de dezembro.
Mas os elementos necessários para conseguir alcançar o plano leitos, centros de tratamento, laboratórios, equipes funerárias e voluntários ainda estão longe do exigido.
Inicialmente a OMS solicitou 12 mil agentes locais e 750 especialistas estrangeiros, mas elevou estas cifras para 20 mil e 1 mil, respectivamente. Fukuda relatou só haver 600 especialistas estrangeiros até agora.
"Tem sido terrivelmente difícil conseguir agentes de saúde suficientes, tanto locais quanto do exterior, isso continua sendo um dos maiores desafios", disse.
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