Em coletiva realizada nesta sexta-feira (25), a Organização Mundial da Saúde (OMS) pediu que representantes dos países desenvolvidos contribuam para alcançar a meta de arrecadação de US$ 35 bilhões para o acelerador de acesso às ferramentas da Covid-19, o Accelerator ACT, que irá produzir e entregar 2 bilhões de doses de vacinas, 245 milhões de tratamentos e 500 milhões de testes de diagnóstico no próximo ano. O ACT é a única iniciativa global que oferece uma solução para acelerar o fim da pandemia da Covid-19.
"As vacinas serão essenciais para evitar a pandemia e acelerar a recuperação global, mas essas ferramentas só serão desenvolvidas com a agilidade e equidade necessárias por meio do ACT. A OMS publicou hoje este plano estratégico de investimento", disse o diretor-geral do órgão, Tedros Adhanom.
A falta de inovação e de acesso suficiente a testes, tratamentos e vacinas eficazes impediria a recuperação de todos os países. De acordo com o relatório, o ACT-Accelerator ajudaria a encurtar a duração da crise e pagaria esse investimento em menos de 36 horas, uma vez que as fronteiras fossem abertas e a retomada comercial autorizada.
Leia também: Qual é o interesse e a influência da China na OMS
Tedros ressalta que o investimento é necessário para financiar pesquisas, aumentar a manufatura e fortalecer os serviços de entrega.
"Normalmente, esses passos são sequenciais, mas estamos conduzindo de maneira paralela para que o produto seja entregue a quem precisa assim que estiver pronto", reforçou.
Desde abril de 2020, período de seu lançamento, o ACT-Accelerator avaliou 50 testes de diagnóstico, 1,7 mil ensaios clínicos para tratamentos promissores e garantiu a dexametasona, corticoide usado para tratamento da doença, para até 4,5 milhões de pacientes em países de baixa renda.
O diretor executivo da OMS, Michael Ryan, complementa que as ações de multilateralismo são essenciais para que os números de casos e de mortos pela pandemia não siga aumentando - o registro atual é de 1 milhão de mortos.
"Se olharmos a realidade, é uma grande tarefa para todos. Solidariedade científica, comprometimento dos países, financiamento, distanciamento social, produção de vacinas... Há elementos que podemos investir para reduzir a fatalidade. Não é apenas a vacina, são todas as medidas que, juntas, irão frear a pandemia, mas o tempo de agir é agora", diz.
Confira: OMS descarta novos lockdowns nacionais na Europa
Ele também relembra que é necessário utilizar as ferramentas que existem à disposição atualmente e não apenas "ficar esperando por uma vacina" e que 10 países são responsáveis por 70% dos casos de Covid-19 no mundo - o Brasil ocupa o terceiro lugar.
Sobre evitar uma possível segunda onda de infecção, a avaliação da OMS é de que cada país deve ser analisado individualmente com ferramentas para identificar a tendência. O uso de máscaras, álcool gel e outras medidas de higienização devem ser maximizadas e os representantes políticos devem se perguntar se estão fazendo o suficiente para estabilizar a situação e que as pessoas podem ser socialmente ativas, sem estarem fisicamente próximas - atitude preocupante para a transmissão do vírus.
Reunião do G20
Os líderes do G20 se reunirão em 30 de setembro em um evento paralelo durante a Assembleia Geral das Nações Unidas para discutir o trabalho do ACT-Accelerator e os compromissos financeiros necessários. A instalação de vacinas Covax - o maior e mais variado portfólio de vacinas Covid-19 globalmente - contém atualmente nove vacinas candidatas e um total de 156 economias, representando quase dois terços da população global.
A dica do diretor-geral da OMS é "não colocar os ovos numa única cesta", de forma a esperar pela vacina. "Precisamos investir em vacinas e ao mesmo tempo ser sérios em usar as outras ferramentas. Muitos países como Japão, Tailândia e China conseguiram controlar a pandemia. O que eles fizeram? Eles não tinham vacina. Quando você usa as ferramentas disponíveis, você salva vidas hoje. Essas vidas precisam ser salvas hoje, não podemos falhar nisso", completa.
Deixe sua opinião