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A Organização Mundial da Saúde (OMS) pediu nesta quarta-feira (4) uma moratória mundial sobre as doses de reforço contra a Covid-19, após alguns países decidirem oferecer uma terceira dose de vacina a idosos.
"Entendemos a preocupação dos governos para proteger suas populações da variante delta, mas não podemos aceitar que os países que já utilizaram a maioria dos estoques de vacinas utilizem ainda mais, enquanto as populações mais vulneráveis do mundo continuam sem proteção", declarou o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom.
Das 4 bilhões de vacinas administradas no mundo todo, mais de 80% tiveram como destino países de alta e média renda, que representam em conjunto menos da metade da população mundial. Segundo Tedros, isso ilustra a desigualdade no acesso aos imunizantes para combater a pandemia.
Desigualdade de vacinação aumentou
Tedros explicou que a moratória pedida valeria até o final de setembro, prazo determinado para que ao menos 10% das populações de cada país estejam completamente vacinadas, mas o chefe da OMS reconheceu que será difícil alcançar esta meta.
Em vez de diminuir com o passar dos meses, a desigualdade na disponibilidade de vacinas tem aumentado, de acordo com especialistas da OMS. Enquanto mais da metade da população da Europa e cerca de 70% da dos Estados Unidos já foram vacinadas, apenas 2% dos habitantes da África já receberam a pauta completa da vacinação e 5% tiveram acesso à primeira dose.
Em média, os países ricos administraram quase cem doses a cada cem habitantes, já os países pobres aplicaram 1,5 dose a cada cem pessoas, mencionou Tedros.
O diretor-geral enfatizou que, para alcançar a meta de 10% de todas as populações vacinadas, é necessária "a cooperação de todos, especialmente das empresas e de alguns países que controlam o fornecimento mundial de vacinas".