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O comando da Organização Mundial de Saúde anunciou nesta quarta-feira (17) a interrupção do braço de seu estudo que utiliza a hidroxicloroquina em pacientes graves da Covid-19. A decisão, porém, não representa uma recomendação política da OMS.
A decisão é anunciada após um estudo do Reino Unido informar que faria o mesmo, por não ver resultado positivo no medicamento, e também depois que a agência de controle de medicamentos dos Estados Unidos (FDA, na sigla em inglês) revogou a autorização para o uso emergencial da cloroquina e da hidroxicloroquina para pacientes com o novo coronavírus.
A OMS havia chegado a interromper seus estudos com hidroxicloroquina anteriormente, mas voltou a realizá-los por mais alguns dias. Agora, a entidade diz que fez uma revisão sistemática da evidência disponível, reviu os resultados específicos de seu próprio estudo e informou que, diante das evidências disponíveis houve a decisão de interromper os testes com a hidroxicloroquina.
O anúncio da mudança foi feito por Ana Maria Henao Restrepo, líder de equipe para Implementação de Pesquisas da OMS, e causou várias dúvidas na entrevista coletiva. Em três momentos diferentes, o comando da entidade foi questionado sobre o que de fato estava sendo dito.
Em suas respostas, Henao Restrepo esclareceu que "aparentemente, não houve benefício no uso da hidroxicloroquina" no ensaio clínico Solidariedade, da OMS, como já havia sido registrado em um estudo britânico. O medicamento não levou a uma redução nas hospitalizações e nem na mortalidade pela Covid-19, explicou.
A autoridade disse, porém, que a atualização "não representa uma recomendação política da OMS", já que esse tipo de diretriz passa por outros canais na entidade. Henao Restrepo afirmou ainda que a decisão das autoridades médicas envolvidas no ensaio clínico Solidariedade se resume ao próprio estudo, sem entrar no mérito, por exemplo, de supostos benefícios no uso profilático (para prevenção) da hidroxicloroquina em pacientes expostos à Covid-19.