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Covid-19

Citando desigualdade, OMS se opõe à aplicação de terceira dose no momento

Profissional de saúde prepara dose de vacina contra Covid-19 em Jerusalém, 25 de agosto. Israel começou a oferecer terceira dose de imunizante a maiores de 30 anos (Foto: EFE/EPA/ABIR SULTAN)

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A Organização Mundial da Saúde (OMS) afirmou nesta quarta-feira (25) que os dados sobre a eficácia de doses de reforço para as vacinas contra a Covid-19 "não são conclusivos" e que a distribuição de doses adicionais de vacinas em alguns países, enquanto outros ainda não conseguiram imunizar os grupos mais vulneráveis, como profissionais de saúde, é uma "questão moral".

"É como se você tivesse um colete salva-vidas e pegasse um segundo, enquanto outros não têm nenhum", comparou o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, em coletiva de imprensa nesta quarta-feira. Ele defendeu uma moratória de dois meses sobre a aplicação de doses de reforço dos imunizantes contra o coronavírus, como medida para reduzir a desigualdade do acesso e evitar o surgimento de novas variantes do vírus.

Segundo Tedros, enquanto grande parte do planeta continua sem vacinas, especialmente em países de baixa e média renda, o vírus tem mais oportunidade para circular, e podem surgir novas variantes mais transmissíveis e com o potencial de escapar da proteção das atuais vacinas.

Soumya Swaminathan, cientista-chefe da OMS, disse durante a mesma coletiva que a posição da entidade se baseia nos dados científicos atuais e na questão ética da distribuição igualitária da vacina. "A tarefa urgente é reduzir e evitar mortalidade. Nós temos as ferramentas, nós temos as vacinas. Não deveríamos ter 10 mil pessoas morrendo de Covid-19 diariamente", pontuou.

A cientista disse que a OMS se reuniu recentemente com um grupo de cientistas e representantes de agências regulatórias de vários países para debater a necessidade de doses de reforço, e que o consenso atual é de que os dados sobre a efetividade dessas doses adicionais, ou de como elas funcionam no mundo real, ainda não são conclusivos.

"É possível que alguns grupos, como os idosos, precisem de doses de reforço em algum momento. É possível que algumas vacinas se comportem de forma diferente em relação à duração da proteção, e é possível que as variantes exijam uma estratégia de doses adicionais em algum momento", afirmou Swaminathan. "Mas, juntando todas as evidências dos países pelo mundo, não estamos no momento de recomendar uma dose de reforço".

Swaminathan ressaltou ainda que, nesse momento em que os estoques globais de vacinas são escassos, as vacinas disponíveis deveriam ser distribuídas para quem precisa com mais urgência: profissionais de saúde, idosos e os mais vulneráveis.

A OMS defende que pelo menos 10% da população de cada país deve estar vacinada até o final de setembro, e 40% até o final do ano, e por isso existe a necessidade de priorizar as doses disponíveis. Se alcançados esses números, segundo a OMS, a mortalidade seria "reduzida de forma significativa".

Kate O'Brien, diretora de imunização da OMS, falou durante a coletiva sobre a preocupação com o surgimento de novas variantes do novo coronavírus, que surgem predominantemente onde há muitas pessoas não vacinadas e os índices de transmissão são altos.

"Temos muita clareza de que as vacinas estão resistindo bem à ponta mais severa do espectro dessa doença, e essa era a intenção das vacinas", afirmou O'Brien. "Proteger contra doença grave, hospitalização e morte. Estamos vendo que as vacinas estão combatendo muito bem esses resultados", explicou.

Questionada sobre os critérios necessários para que a OMS passe a recomendar doses de reforço das vacinas contra a Covid, O'Brien disse que a eficácia da vacina para a prevenção de doença grave, hospitalização e mortes é a principal questão, além do funcionamento dos imunizantes em grupos de maior risco.

"As recomendações sobre doses adicionais [pela OMS] serão elaboradas em torno de grupos de risco que possam ter alguma alteração no desempenho da vacina em algum período de tempo", afirmou.

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