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Violência

Onda de assaltos em shopping centers expõe crise de segurança pública no Chile

Ocorrências nas últimas semanas foram tema de reunião entre a administração Boric, os Carabineros, o Ministério Público e a câmara que representa os shoppings (Foto: EFE/Alberto Valdés)

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A inflação e a desaceleração econômica não são as únicas preocupações da população do Chile. O país vive uma crise de segurança pública, na qual os assaltos a shopping centers têm sido um dos aspectos mais visíveis nas últimas semanas.

No último dia 20, dois roubos ocorreram em unidades da rede Mall Plaza. No Mall Plaza Oeste, na comuna de Cerrillos, na região de Santiago, cinco homens armados assaltaram uma loja da Apple; na ação, um funcionário foi agredido com uma coronhada na cabeça.

No mesmo dia, no Mall Plaza Norte, localizado em outra comuna metropolitana, Huechuraba, outro grupo, também armado, ameaçou clientes e funcionários e fugiu levando vários produtos de uma loja Mac Online.

Em comunicado, o grupo Mall Plaza manifestou preocupação com “o alto nível de violência e as armas usadas pelos delinquentes” e ressaltou “a organização delitiva desses grupos”, com ações com grande número de criminosos e utilização de “coletes à prova de balas e armas de grosso calibre”.

Embora esses tenham sido os casos de maior repercussão, outros foram registrados no Chile recentemente. Este mês, viralizaram nas redes sociais relatos de frequentadores do Costanera Center, na comuna de Providencia (também na Grande Santiago), que disseram ter sido vítimas de assaltos a mão armada dentro de lojas do shopping center.

Em outubro, um grupo de cerca de 15 criminosos assaltou duas lojas de celulares no shopping Espacio Urbano de Piedra Roja, em Chicureo (Grande Santiago).

Os assaltantes usavam macacões de diferentes cores e máscaras de Halloween, de palhaços e do protagonista da história em quadrinhos e filme “V de Vingança” e ameaçaram os clientes com armas de fogo, até retendo alguns temporariamente como reféns.

“Não se trata de um problema exclusivo dos shopping centers ou do comércio. É um fenômeno nacional que se replica com níveis crescentes de insegurança em todo o território”, disse a presidente da Câmara Chilena de Shopping Centers, Katia Tursich, na semana passada à rádio ADN.

Ela deu as declarações depois de participar de uma reunião sobre o assunto com representantes do governo do presidente Gabriel Boric, dos Carabineros (a polícia ostensiva chilena) e do Ministério Público.

Tursich alegou que, apesar dos casos violentos recentes, os shopping centers ainda são ambientes mais seguros, mas ressaltou que “na questão da segurança, nunca se pode estar tranquilo”. “É uma questão que nos afeta a todos como país, há uma grande percepção de insegurança em alta”, destacou a empresária.

Na reunião, o governo chileno informou que enviaria ao Congresso um projeto de lei sobre segurança privada e os Carabineros anunciaram um reforço do Plano Centauro, para aumentar o policiamento nas regiões dos shopping centers, sobretudo mais perto do Natal.

O subsecretário de Prevenção ao Crime, Eduardo Vergara, representante da administração Boric na reunião, informou ainda que será estabelecida uma “força tarefa conjunta público-privada” para aumentar a segurança em lojas que vendem produtos de alta tecnologia e alto valor em shopping centers.

Diante da repercussão desses assaltos, parlamentares da União Democrática Independente (UDI), partido de oposição chileno, apresentaram na semana passada um projeto de lei para autorizar a posse e o uso de armas de fogo por seguranças em shopping centers.

Crise geral

Apesar da maior visibilidade dos assaltos a centros comerciais, a busca por medidas para evitar roubos indica que a crise de segurança pública no Chile afeta a economia em geral.

Segundo reportagem do site La Tercera, mais de 50% dos estabelecimentos comerciais chilenos reforçaram as medidas de segurança este ano, visto que quase 60% das lojas do país já foram vítimas de roubos.

No início da semana, os caminhoneiros chilenos encerraram uma greve de oito dias após chegar a um acordo com o governo sobre as duas principais reivindicações da categoria, redução do preço dos combustíveis e maior segurança para os transportadores.

Enquanto na questão dos combustíveis a administração Boric se comprometeu a buscar medidas para estabilizar os preços, especialmente para caminhoneiros que trabalham com cargas menores, na questão da segurança foram definidos três compromissos principais.

Foi designado um promotor exclusivo para investigar roubos e sequestros sofridos por caminhoneiros; houve um acordo para um plano operacional dos Carabineros para melhorar a segurança de sete pontos entre as cidades de Arica e Coquimbo; e foi definida a construção de seis áreas de descanso para transportadores na Macrozona Norte ao longo de 2023.

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