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Os jovens norte-americanos podem promover um comparecimento recorde às urnas em 4 de novembro, e tudo indica que isso beneficiará o democrata Barack Obama.

Os norte-americanos nascidos entre 1979 e 1990 - a chamada "geração do milênio", que chegou à idade de conscientização política durante o governo do democrata Bill Clinton - podem desta vez atenuar a imagem de que se trata de um grupo apático e preguiçoso quando se trata de votar, o que nos EUA é facultativo.

Mais de metade dos 44 milhões de eleitores de 18 a 29 anos deve votar neste ano, segundo analistas, um comparecimento melhor do que em pleitos anteriores, embora ainda inferior ao do eleitorado mais velho.

Desde que a idade mínima para votar foi reduzida para 18 anos, em 1972, só em duas ocasiões o comparecimento dos jovens foi superior a 50 por cento.

"Os jovens estão se registrando em números recordes. Eles sentem a capacidade que têm de realizar a mudança neste país", disse o ex-governador democrata de Iowa Tom Vilsack.

Uma pesquisa USA Today/MTV/Gallup publicada nesta semana disse que 61 por cento dos eleitores com menos de 30 anos preferem Obama, e só 32 por cento têm simpatia pelo republicano John McCain - maior diferença entre os candidatos em todas as faixas etárias.

Ao contrário dos mais velhos, jovens ouvidos pela Reuters parecem mais abertos à idéia de eleger um primeiro presidente negro. Além disso, a relativa juventude de Obama - 47 anos, em vez dos 72 anos de McCain - também atrai os jovens.

"Ele é mais jovem e defende muitas coisas em termos de diversidade que as pessoas esperam que aconteça", disse a comerciante Sarah Lynch, 28 anos, de Chicago, base eleitoral de Obama.

"As pessoas estão realmente frustradas com o governo Bush. Acho que em geral as pessoas estão realmente prontas para algo diferente", disse ela.

Outros jovens refletem a opinião, generalizada entre o eleitorado, de que Obama pode ser melhor em questões econômicas.

"Não consigo um crédito educacional. Isso está afetando minhas chances de ir para a escola no semestre que vem, então por isso me interesso tanto em votar", disse Kristina Meenan, 18 anos, estudante de artes de Chicago, outra eleitora de Obama.

Também eleitora de primeira viagem, Parry MacDonald, 20 anos, disse que ela e seus amigos da faculdade Wheaton, instituição cristã nos arredores de Chicago, vão votar em McCain por admirarem suas posições conservadoras a respeito do aborto e de questões sociais.

Registro e comparecimento

O registro de eleitores cresceu, mas será que o mesmo ocorrerá com o efetivo comparecimento às urnas?

Para Erica Williams, da entidade Centro para o Progresso Americano, o "caucus" de Iowa em janeiro comprovou que os jovens não merecem a fama de ser um grupo pouco comprometido ou menos inclinado a votar.

"Os jovens não estão engajados só por causa de toda a agitação. Eles permaneceram consistentemente engajados desde a primeira primária", disse ela.

O comparecimento eleitoral dos jovens atingiu um auge de 55 por cento em 1972 e então decaiu até 40 por cento em 1996 e 2000, mas se recuperou para 49 por cento em 2004. Naquele ano, os jovens representaram 16 por cento do total de votos, contra 14 por cento em 2000.

Para esta eleição, 48 por cento dos jovens estão registrados para votar, enquanto entre os maiores de 30 anos a taxa chega a 83 por cento, segundo Scott Keeter, da entidade Pew Research Center.

Uma mudança é que os jovens tendem a ser mais ligados à Internet, que oferece amplas discussões para ler e discutir questões como as relações entre política e meio ambiente, segundo Williams, de 25 anos.

Os jovens baixaram formulários de inscrição eleitoral de sites como o Rock the Vote, que ajudou a registrar 2,1 milhões de pessoas, sendo dois terços com menos de 30 anos.

Muitos jovens também vão receber mensagens nos seus celulares lembrando do dia da eleição. E sites populares entre os jovens, como o Facebook, já foram "descobertos" pelas campanhas.

Os jovens têm suas próprias perspectivas para questões importantes para o eleitorado como um todo, segundo Williams. Por exemplo, como a crise econômica afeta seu crédito educacional ou possibilidades de emprego. Ou então pelo fato de os jovens formarem a maioria do contingente militar enviado para as guerras do Iraque e Afeganistão.

"Acho que o país está em um momento de virada bem sério", disse Peter Kersten, 26, que pretende votar em Obama. "O que acontece na economia, e estamos lutando em duas guerras. Eu diria que há muita coisa em jogo, o que não era o caso nas duas últimas eleições. Acho que é um voto bem importante."

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