A ONG Human Rights Watch acusou o presidente da Colômbia, Álvaro Uribe, de atrapalhar esforços da Suprema Corte em investigar a suposta conexão entre paramilitares e políticos. O relatório da organização, apresentado ontem em Bogotá, diz que o governo impõe obstáculos e sabota o trabalho dos juízes. "Sem pressão da comunidade internacional, os enormes esforços das cortes colombianas serão desperdiçados", avalia o diretor para a América do HRW, José Miguel Vivanco o mesmo que foi expulso da Venezuela em setembro passado depois de divulgar um relatório crítico sobre o governo do presidente Hugo Chávez.
A Corte questiona mais de 60 parlamentares, a maioria da coalizão governista, sob suspeita de usar paramilitares para coagir eleitores. Até agora, 33 parlamentares foram presos. Enquanto o tribunal investiga os políticos, inclusive o ex-senador Mario Uribe, primo do presidente, Álvaro Uribe propôs caçar os poderes da Corte para realizar as investigações, alegando que ela tem um viés esquerdista.
De acordo com a HRW, os paramilitares já "cometeram crimes contra a humanidade e outras atrocidades, inclusive milhares de mortes, massacres, ameaças, seqüestros e deslocamentos forçados de civis". "Eles têm uma enorme riqueza e influência, em parte devido a alianças, no estilo mafioso, a militares, políticos e empresários", explana o documento.
Represália
O governo colombiano qualificou como "tendencioso" o relatório da ONG. "O governo e as instituições têm deficiências e erros que nunca foram ocultados, porém não têm intenções criminosas", afirmou o delegado para os direitos humanos da Presidência colombiana, Carlos Franco. "Quando são elaborados relatórios tendenciosos e carregados de rancor pessoal, perde-se a credibilidade e se enfraquece a luta pelos direitos humanos", atacou.
Há um mês, o presidente da Venezuela Hugo Chávez também se desagradou de um documento elaborado pela Human Rights Watch e expulsou de solo venezuelano os diretores da organização.