A ONG Voz dos Mártires, que oferece auxílio a pessoas em situação de perseguição religiosa ao redor do mundo, iniciou um trabalho para atender cristãos que tiveram suas casas destruídas durante os ataques de extremistas do mês passado no Paquistão.
Na ocasião, uma multidão armada com cassetetes e pedaços de madeira incendiou ao menos 25 igrejas na cidade de Jaranwala, na província paquistanesa de Punjab, onde também destruiu casas e feriu diversas pessoas em um ataque que durou mais de 10 horas.
O motivo da onda de violência foi uma acusação pública de profanação do Alcorão, livro sagrado do islã, que levou dois irmãos cristãos à prisão por blasfêmia por supostamente acrescentarem comentários depreciativos no escrito religioso.
Segundo a lei paquistanesa sobre a blasfêmia, os detidos poderão enfrentar a pena de morte.
Por meio de um comunicado ao portal Christian Post, a ONG afirmou que voluntários do ministério que residem no Paquistão “foram a Jaranwala para encorajar os cristãos afetados pelo ataque e avaliar as melhores formas pelas quais poderia fornecer ajuda e assistência aos que perderam tudo”.
Até o momento, a organização tem ajudado as vítimas que tiveram seus bens e moradia destruídos a encontrarem comida e abrigo.
De acordo com um levantamento da ONG Centro para Justiça Social, que realiza pesquisas sobre a defesa de políticas públicas, desde 1990, pelo menos 65 pessoas foram mortas extrajudicialmente por acusações de blasfêmia no Paquistão, que ocupa o sétimo lugar na Lista Mundial de Perseguição Religiosa da ONG internacional Portas Abertas, especializada em acompanhar situações de violência contra cristãos no mundo.
Organizações de defesa dos direitos humanos criticam as leis sobre blasfêmia do país, uma vez que são frequentemente utilizadas contra minorias religiosas para ganho pessoal. Entre 2020 e 2022, pelo menos 463 pessoas foram acusadas de blasfêmia no Paquistão, segundo o Centro para Justiça Social.
No início do mês, o membro da Assembleia de Punjab e secretário parlamentar de Direitos Humanos e Minorias, Joel Aamir Sahotra, explicou, por meio de uma entrevista exclusiva à Gazeta do Povo, como está a situação no país diante dos últimos ataques.