A organização Médicos Sem Fronteiras (MSF) insistiu nesta quinta-feira (21) que a ajuda humanitária ainda não chegou a centenas de vítimas nas áreas mais remotas das Filipinas, que foram atingidas pelo tufão Haiyan no último dia 8 de novembro.
Em comunicado, a MSF afirmou que muitos sobreviventes na região central do arquipélago estão conseguindo se manter vivos por seus próprios meios devido ao congestionamento dos portos e aeroportos atingidos pelo desastre natural.
"Quanto mais você entra na zona rural, menos ajuda você encontra e, em algumas áreas, ainda não chegou nada. Algumas pessoas estão sendo obrigadas a passar a noite ao relento e sob fortes chuvas", explicou Caroline Séguin, coordenadora da MSF nas Filipinas.
Um exemplo citado pela ONG é a situação de Tanauan, uma cidade de 50 mil habitantes situada a 20 quilômetros de Tacloban, na ilha de Leyte.
"Cerca de 95% de Tanauan foi destruída. Muita gente está vivendo na rua, ao relento; estão mendigando por comida e água, e pedem cobertura", descreveu a MSF no comunicado.
"Enquanto em Tacloban as ruas estão praticamente livres dos escombros, em Tanauan ainda podem ser vistos corpos boiando nos rios e os escombros bloqueiam a maior parte das ruas. É o resultado do muro de água de 12 metros de altura que arrasou tudo", afirmou.
Segundo a organização humanitária, apenas a rua principal está livre de escombros, permitindo a passagem dos veículos que transportam a ajuda humanitária.
Os médicos da MSF estão tratando, na maior parte, casos de ferimentos, fraturas, problemas gastrointestinais e pulmonares, e mantêm o alerta de possíveis epidemias, como febre tifoide, esquistossomose, cólera e leptospirose.
De acordo com Nações Unidas, 7,8 milhões de mulheres e crianças necessitam de ajuda nas Filipinas, onde o balanço provisório de mortos superou a marca dos 4 mil, principalmente nas ilhas de Leyte e Samar.
A subsecretária-geral da ONU para Assuntos Humanitários, Valerie Amos, afirmou que cerca de 3,2 milhões de mulheres e 4,6 milhões de crianças precisam de assistência psicológica e de proteção contra estupro, tráfico humano e exploração.
"Com mais de 500 mil lares completamente destruídos, a necessidade urgente de refúgios e proteção básica para mulheres e crianças continua", declarou Valerie. A subsecretária visitou na última terça-feira a cidade de Tacloban, uma das mais atingidas pelo Haiyan, informou o jornal local "The Star".
O Haiyan, com ventos de até 315 km/h, foi o tufão mais forte registrado e o terceiro desastre mais mortal na história recente das Filipinas.
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