Duas pessoas ficaram feridas e uma foi morta por homens armados que efetuaram disparos em frente a um local de votação das eleições locais e regionais da Venezuela, que estão sendo realizadas neste domingo (21).
De acordo com informações do jornal La Verdad, testemunhas informaram que os atiradores, que chegaram em caminhonetes brancas, seriam membros de coletivos chavistas – grupos paramilitares que apoiam o ditador Nicolás Maduro. O ataque ocorreu em frente ao Colégio Eduardo Emiro Ferrer, no município de San Francisco, no estado de Zulia.
A vítima fatal foi identificada como Antonio Urdaneta, de 38 anos. Ele chegou a ser levado ao pronto-socorro do Hospital Noriega Trigo, mas já deu entrada sem vida. Já os feridos foram identificados como Johan José Montero, de 19 anos, e Sonia Urdaneta, de 56. A motivação do ataque não foi informada.
Ao longo do dia, órgãos que trabalham pela liberdade de imprensa na Venezuela denunciam que jornalistas estão sendo impedidos de realizar seu trabalho na cobertura das eleições locais e regionais do país.
Numa série de publicações no Twitter, a ong Instituto Imprensa e Sociedade Venezuelana (Ipys, na sigla em espanhol) e o Sindicato Nacional dos Trabalhadores da Imprensa da Venezuela (SNTP) relataram situações como intimidações, negativa de credenciais, proibição de acesso a locais de votação, retenção de fotos e prisões.
O SNTP informou que a Guarda Nacional Bolivariana (GNB) deteve por 40 minutos o jornalista Orlando Montlouis, dos portais El Tequeño e El Liberal Post, por ter feito fotos da fachada de um centro eleitoral na cidade de Los Teques. Segundo o sindicato, os guardas o levaram para uma escola e o forçaram a apagar o material.
Entre outros casos denunciados no seu perfil, o SNTP informou que a jornalista Lorena Bornacelly, da TV El Pitazo, relatou que em Táchira observadores eleitorais do partido governista PSUV tiraram fotos de repórteres que cobriam a votação do prefeito de San Cristóbal, Gustavo Delgado, com o objetivo de intimidá-los.
Além de fazer denúncias sobre perseguições a jornalistas neste domingo, a Ipys havia relatado na véspera que pelo menos 16 portais de notícias seguem bloqueados na Venezuela pela estatal de telecomunicações Cantv e pela empresa Digitel. Segundo a ong, as restrições contra estes portais foram aplicadas com bloqueio de HTTP no caso do Cantv, enquanto a Digitel exerce bloqueio de DNS.
“Com a censura imposta à mídia tradicional e muitas áreas do país consideradas desertos de notícias, as mídias digitais são uma das principais opções para os cidadãos se manterem informados, mas as operadoras estão decididas a bloqueá-las”, lamentou a ong.
Nas eleições deste domingo, serão eleitos 23 governadores, 335 prefeitos, 253 legisladores de conselhos legislativos e 2.471 vereadores na Venezuela.