Um grupo de estudantes que protestou na Universidade Nacional Experimental de Segurança (UNES) está desaparecido desde o domingo da eleição (28) após terem denunciado abuso de poder por parte do diretor universitário, que teria obrigado os discentes a votarem em Nicolás Maduro.
De acordo com a ong Provea, especializada na defesa de direitos humanos, os universitários exigiram que lhes fosse concedido o direito de votar livremente na Venezuela. Desde então, não se sabe a localização das vítimas de desaparecimento forçado.
Alguns jovens desaparecidos da instituição, que se dedica a preparar aspirantes do corpo da polícia bolivariana (PNB, na sigla em espanhol), foram identificados como Derwin Linares, Eudimar Labrador, Maick Delfín e Antonio Gutiérrez. A Unes confirmou os desaparecimentos ao portal TalCual.
Novas informações divulgadas na tarde desta terça-feira (30) indicaram que Labrador e Delfín foram localizados e estão detidos. Delfín estaria em uma instalação da PNB em San Bernardino, já o local do confinamento de Labrador ainda é desconhecido.
Eles foram presos sob acusações de traição à pátria e incitação ao ódio, de acordo com a Provea. Não há informações sobre os demais desaparecidos.
Os familiares dos aspirantes a funcionários da Polícia Nacional Bolivariana (PNB) afirmam estar desesperados por não saber o paradeiro dos jovens. Alguns, inclusive, disseram que se deslocaram a vários centros de detenção para tentar identificá-los, mas não obtiveram resposta.
O diretor-geral de segurança da UNES, major John García, afirmou ao portal Tal Cual que a denúncia de que obrigou os estudantes a votarem em Maduro era falsa e que era apenas "um estudante que queria dar show". Ele disse ainda que nenhum desaparecido receberia punição pelas declarações.
O desaparecimento forçado é um dos métodos mais usados pela ditadura chavista para privar ilegalmente de liberdade os críticos do regime socialista.
Essas ações repressivas são preparadas por agentes do Estado que buscam dessa maneira gerar terror entre os opositores e seus familiares, a fim de evitar que os críticos ganhem força e denunciem os abusos ditatoriais no país.
A ong Provea reforçou que a Venezuela possui uma investigação aberta no Tribunal Penal Internacional (TPI) por crimes contra a humanidade, que envolvem desaparecimentos forçados, violência, prisões arbitrárias e desrespeito a outros direitos humanos.
Protestos contra Maduro são marcados por violência
Desde que o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) anunciou vitória do ditador chavista para um novo mandato, em meio a diversas denúncias de fraude eleitoral, os venezuelanos foram às ruas em protestos massivos contra os resultados sem transparência.
Nas últimas horas, seis mortes já foram confirmadas, além de centenas de prisões, incluindo a do líder partidário Freddy Superlano, do oposicionista Vontade Popular, integrante da coligação Plataforma Democrática Unitária (PUD).
O procurador-geral da Venezuela, Tarek William Saab, que é um aliado de Maduro, apresentou nesta terça-feira (30) um balanço da atuação das forças de segurança durante as manifestações, culpando a oposição pela violência.
Saab classificou os venezuelanos que protestam nas ruas como “criminosos” que não agem de forma pacífica, mas geram violência, razão pela qual estão sendo acusados de crimes como instigação pública, obstrução de vias públicas, incitação ao ódio, resistência à autoridade e, “nos casos mais graves", terrorismo.