Presidente eleita do Chile, Michelle Bachelet assume hoje o cargo e, depois de sua posse, haverá reunião sobre a Venezuela| Foto: Cristobal Saavedra/Reuters

Comércio

Dezenas de ambulantes vendem mercadorias com as cores da Venezuela durante os protestos que ocorrem em Caracas:

A bandeira

É um símbolo das manifestações. Alguns a levam para todos os lados, outros abraçam, levam nos ombros ou a amarram na cintura. Para os manifestantes, ter a bandeira na marcha demonstra seu amor pela Venezuela.

Nova sinalização

No condomínio Residencias do Leste, uma nova sinalização trocou o nome das ruas agora elas são batizadas pelos problemas que afingem os condôminos.

Fantasia de escassez

A escassez se manifesta na forma de fantasia. E por mais que os carnavais tenham acabado, os manifestantes continuam usando máscaras. Até itens que fazem alusão aos produtos da cesta em falta são usados como adereços.

Cartazes combativos

Folha de papel, cartaz e marcador têm sido algumas das armas básicas para expressar a insatisfação em refrões como "não à violência, sim à paz"

Mordaça tricolor

A censura da informação e dos meios de comunicação são parte das denúncias dos estudantes e da sociedade civil em relação ao governo nacional. Os opositores consideram que o governo desrespeita a liberdade de expressão, principalmente devido aos eventos recentes.

CARREGANDO :)

Morte

Uma mulher chilena foi morta a tiros ao limpar uma barricada colocada por manifestantes antigoverno na primeira morte de um estrangeiro nos conflitos na Venezuela, afirmou ontem a mídia estatal. Giselle Rubilar tinha 47 anos.

Desde que começaram os protestos contra o governo do presidente venezuelano Nicolás Maduro, há cerca de um mês, estima-se que 1.276 pessoas foram detidas no país, das quais 46 continuam presas "sem qualquer tipo de justificativa legal", de acordo com representantes da ONG Foro Penal, que monitora e acompanha as vítimas da repressão.

Publicidade

A ONG venezuelana tem em seu poder, ainda, provas sobre 40 casos de tortura a presos políticos, em muitos casos estudantes, que já foram apresentadas à promotora-geral da República e ao relator especial sobre torturas das Nações Unidas, o argentino Juan Méndez. Em todos os casos estão envolvidos agentes da Guarda Nacional Bolivariana.

"Para nós, todas as detenções foram ilegais. Não há provas nem sustentação jurídica para a ação das forças de segurança nacionais", afirmou o advogado Alfredo Romero, da Foro Penal. Para ele, existe apenas um caso duvidoso, o de um militar reformado, "em cuja casa teriam encontrado armas de guerra".

As acusações sobre abusos cometidos pelo governo bolivariano nas últimas semanas são cada vez mais intensas. Manifestantes que estiveram detidos em vários estados venezuelanos disseram ter sido torturados e submetidos a interrogatórios em quartéis militares, fatos que foram confirmados pelos advogados da Foro Penal e também por representantes do Observatório Venezuelano de Conflitividade Social (OVCS).

No site do OVCS é mencionado o caso de um homem do estado de Anzoátegui, identificado como Richard Zhgen, de 33 anos, "praticamente sequestrado pela Guarda Nacional" quando participava de um protesto com sua mulher e levado à prisão pelos supostos crimes de "ataque e rebelião".

De acordo com deputados opositores da região, Zhgen será julgado por um tribunal militar. "Não existem garantias na Venezuela, as detenções e todo o processo são ilegais. As forças de segurança estão entrando em residências privadas sem ordem judicial e ordenando prisões arbitrárias", assegurou Marco Antonio Ponce, coordenador geral do OVCS.

Publicidade

Segundo ele, "o governo do presidente Maduro é o principal responsável pela conflitividade social que está se aprofundando no país".

"Os venezuelanos estão sofrendo uma repressão desmedida, algo que nunca antes vimos. Hoje existe uma ação coordenada entre a Guarda Nacional, a polícia e os coletivos armados, que é defendida por Maduro em cadeia nacional", lamentou Ponce.

Crise na Venezuela rouba a cena da posse de Michelle Bachelet

Agência Estado

O governo chileno tentou evitar, mas a posse hoje da presidente eleita Michelle Bachelet, na cidade portuária de Valparaíso, perdeu espaço para a crise venezuelana, que aterrissaria na madrugada de hoje em Santiago com a chegada do presidente Nicolás Maduro.

Publicidade

Enquanto Bachelet assume pela segunda vez o governo do país, a atenção está voltada para a reunião da União das Nações Sul-Americanas (Unasul), amanhã, em que o governo chavista tentará conseguir mais apoio na região.

Nas ruas de Santiago e também de Valparaíso, onde ocorrerá a transmissão da faixa presidencial, simpatizantes da oposição venezuelana prometem perseguir Maduro com protestos.

O governo do Chile tentou vetar a realização da reunião da Unasul em Santiago logo depois da posse da presidente eleita. O temor era justamente que a reunião, pedida pela Venezuela, ofuscasse a festa chilena. Só foi convencido quando foi decidido um encontro ministerial – e não uma cúpula presidencial.

Antes mesmo de tomar posse, Bachelet teve de se posicionar sobre a crise venezuelana. Em uma entrevista, afirmou que não são "adequadas ações violentas para desestabilizar um governo democraticamente eleito". Dentro da sua coalizão, a Nova Maioria, essa posição não é consenso. Enquanto a Democracia Cristã, o grupo mais à direita de sua base, rechaça Maduro, o Partido Comunista pede um apoio mais firme ao bolivariano.

"Esse é um tema que afeta a relação dos partidos dentro da coalizão da presidente. Emerge de discussões pendentes sobre definições ideológicas e de um projeto para o país", analisa a especialista em relações internacionais da Universidade do Chile María Francisca Quiroga.

Publicidade