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Clima

ONGs criticam Código Florestal do Brasil

Protesto de ambientalistas contra o aquecimento global mostra escultura com urso polar sobre um iceberg, no Rio Tâmisa, em Londres | Shaun Curry/AFP
Protesto de ambientalistas contra o aquecimento global mostra escultura com urso polar sobre um iceberg, no Rio Tâmisa, em Londres (Foto: Shaun Curry/AFP)

Organizações ambientalistas reunidas na conferência do clima de Durban, África do Sul, acusaram ontem o Brasil de estar acendendo uma "bomba de carbono" com a reforma do Código Florestal, cuja votação no Senado foi adiada para a próxima terça-feira.

As ONGs afirmaram em seu boletim Eco, distribuído no encontro na África do Sul, que a nova lei deixará desprotegida uma área de florestas do tamanho de França e Reino Unido somados.

Isso comprometeria as metas brasileiras de redução de emissões de gases-estufa anunciadas pelo Brasil em 2009, em Copenhague.

O país se comprometeu a reduzir entre 1,16 bilhão e 1,26 bilhão de toneladas de CO² suas emissões em 2020 em relação ao que seria liberado se nada fosse feito. Boa parte da meta deverá ser cumprida com a redução de 80% no desmatamento na Amazônia.

O Eco afirma ainda que as mudanças no código criam uma situação "embaraçosa" para o Brasil, que sediará no ano que vem a conferência Rio +20, sobre desenvolvimento sustentável.

Em Brasília, o Ministério do Meio Ambiente evitou polemizar. Mas afirmou que a nova lei ajudará o Brasil a cumprir a meta dos gases-estufa, e não o contrário. Para o governo, o código estimulará a recuperação de parte das florestas desmatadas ilegalmente até julho de 2008.

O Brasil está trabalhando com China, Índia e África do Sul em busca de acordo para exigir dos países ricos o financiamento do Fundo Verde criado na conferência do ano passado, em Cancún, para solucionar as necessidades dos países em desenvolvimento frente às mudanças climáticas.

Solo ártico agrava efeito estufa

A quantidade de gases-estufa liberados até 2100 pelo derretimento do permafrost (o solo congelado do Ártico) poderá ser até cinco vezes maior do que se imaginava. Para piorar, esses gases serão ricos em metano, que tem um alto poder de "multiplicar" o aquecimento global.

A afirmação é de mais de 40 cientistas da Rede de Carbono do Permafrost, liderados por Edward Schuur e Benjamin Abbott, em artigo publicado na revista científica Nature.

De acordo com a equipe de cientistas, a falta de estudos fez com que, até agora, a quantidade certa de carbono contido no permafrost fosse subestimada, assim como seus potenciais efeitos sobre o clima global.

Durante centenas de milhares de anos, sucessivos degelos e congelamentos prenderam uma enorme quantidade de restos de animais e plantas sob uma camada espessa de gelo no Ártico.

Agora, com o aquecimento global, esse material irá começar a se decompor e liberar gases intensificadores do efeito estufa na atmosfera.

O grupo estima que, sob essa camada – que cobre quase 20% de todas as terras do Hemisfério Norte – haja 1,7 bilhão de toneladas de carbono "preso".

"É quase quatro vezes mais do que todo o carbono emitido pelas atividades humanas em tempos modernos e o dobro do que está presente na atmosfera agora", dizem os autores do trabalho.

"As maioria das pesquisas fala muito das emissões de desmatamento e combustíveis fósseis. Esse artigo mostra, cada vez mais, que o derretimento do permafrost é um fator im­­portante para a mudança climática", afirma o climatologista do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) José Marengo.

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