Várias pessoas que trabalharam como testemunhas eleitorais nas eleições presidenciais na Venezuela para garantir a transparência e legalidade do processo, bem como cidadãos que protestaram contra os resultados dos pleitos, foram detidos pela polícia, que, segundo afirmaram uma ONG e políticos antichavistas, está realizando operações de busca por essas pessoas em diversas regiões do país.
O partido Primeiro Justiça (PJ) denunciou na rede social X que dois de seus coordenadores nos estados de Aragua (norte) e Guárico (centro) foram detidos nas últimas horas, assim como dezenas de pessoas em outras regiões do país, depois de terem trabalhado como testemunhas nas eleições a favor da principal coligação da oposição, a Plataforma Unitária Democrática (PUD).
O antichavismo denunciou que estas detenções fazem parte de uma “investida” do regime para “criminalizar os venezuelanos que exigem a publicação completa” dos resultados eleitorais, já que o boletim oficial – com apenas 90% dos registros de votação – declarou como vencedor ditador Nicolás Maduro, enquanto a PUD garante que seu candidato, Edmundo González Urrutia, venceu por ampla margem.
A organização não-governamental Foro Penal, que lidera a defesa dos considerados presos políticos no país, afirmou à Agência EFE que tem conhecimento de vários casos de pessoas que foram detidas em suas casas desde segunda-feira (29), quando eclodiram numerosos protestos em rejeição ao resultado.
Até a tarde de quinta-feira (1º), a ONG havia verificado 711 detenções relacionadas com as denúncias de fraude eleitoral e a violência desencadeada nos protestos – que resultou nas mortes de 11 civis e de um soldado – embora Maduro tenha garantido que há mais de 1.200 detidos e que as autoridades estavam buscando por “outros mil”, já que rotulam os que participam desses protestos como violentos e golpistas.
Além disso, têm circulado nas redes sociais vídeos que mostram policiais ou soldados prendendo pessoas - supostamente testemunhas eleitorais do PUD -, embora em alguns casos os agentes tenham sido repelidos por populares. As autoridades militares e policiais asseguram que a proibição de reuniões e manifestações públicas continua em vigor, embora o chavismo tenha realizado dois eventos públicos em Caracas em apoio a Maduro com centenas de pessoas, sem que qualquer ação dissuasora tenha sido efetuada pelos fardados.
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