De 1.º a 12 de novembro deste ano será realizada a 26.ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP26), que será sediada em Glasgow, Escócia. Mas antes disso (de 28 deste mês até 2 de outubro) ocorrerá, em Milão, Itália, a Pre-COP em que se espera que mais de 190 países anunciam seus objetivos sobre o clima.
Essa reunião ocorrerá após o último relatório da ONU sobre o clima que lançou um “alerta vermelho para a humanidade”, segundo as palavras do seu secretário-geral, António Guerres.
Esta seria apenas uma das inúmeras discussões sobre o clima dos últimos anos, mas uma novidade pode aparecer durante conferência: o financiamento do aborto.
No final do mês de agosto, mais de 60 organizações promotoras do aborto enviaram uma carta ao Governo do Reino Unido em que pedem para incluir o financiamento para “contracepção” em seu orçamento de 11 bilhões de libras (quase 79 bilhões de reais na cotação atual) para o clima.
Noticiada pelo jornal britânico The Guardian, a carta foi endereçada a Alok Sharma, presidente da COP26, e solicitou que as regras de elegibilidade de financiamento sejam alteradas para permitir que projetos relacionados a remoção de barreiras à saúde reprodutiva (eufemismo amplamente usado para designar o aborto) possam receber os fundos destinados ao clima.
Entre as signatárias encontra-se a milionária abortista Marie Stopes International, cujo diretor, Bethan Coble, justificou o pedido afirmando que “estamos ouvindo alto e claro das comunidades e mulheres e nossos clientes, que são os mais afetados pela crise climática, que o que elas realmente querem é acesso à saúde reprodutiva, para que possam fazer escolhas sobre quando ou se terão filhos”.
A matéria faz menção a um relatório do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente que afirma que o investimento em “‘planejamento familiar em comunidades locais’ ajudaria a enfrentar as crises do clima, da biodiversidade e da poluição e seria crucial para que as mulheres assumissem papéis de liderança à medida que as comunidades se adaptem”.
Relação entre mudanças climáticas e aborto
Esse tema não é tão novo dentro da ONU, há pelo menos desde 2009 um relatório que tenta relacionar o aborto com as mudanças climáticas.
O relatório deste ano aponta cinco formas em que as mudanças climáticas afetam a mulheres e crianças: leva a mais violência de gênero; contribui para o aumento de casamentos infantis; aumento do número de natimortos; piora casos neonatais; e termina com um longo texto sobre a “interrupção da saúde sexual e reprodutiva e a limitação de acesso à anticoncepção”.
O texto encerra afirmando: “O mundo deve reconhecer que a saúde e os direitos sexuais e reprodutivos são uma questão climática e que as mulheres devem fazer parte da política climática. Quando as mulheres são integradas a este trabalho, o planeta melhora graças à menor pegada de carbono e mais áreas de terras protegidas”.
Apesar do conclusão contundente, em nenhum lugar afirma-se como o aborto poderia influir nas mudanças climáticas, apenas cita que estas podem gerar crises econômicas que dificultem aquele, ou ao menos colocam mulheres em situação de maior vulnerabilidade.
Mesmo assim, essa relação bastante elástica entre clima e aborto está sendo utilizada para pressionar o governo britânico em primeiro lugar, e os governos da próxima COP, em segundo, para transferir ao menos parte do dinheiro destinado ao clima para o aborto.
A carta das ONGs pró-aborto também fazem menção aos cortes promovidos pelo governo britânico para o financiamento de abortos em países em desenvolvimento.
“Dados os recentes cortes no orçamento de ajuda e a urgência da crise climática, precisamos de formas inovadoras para integrar o desenvolvimento e a programação climática”, diz a carta.
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