Ônibus explode no Cairo um dia após sanção à Irmandade Muçulmana

Uma bomba atingiu um ônibus hoje no Cairo, no primeiro episódio de violência ocorrido depois de o governo ter classificado oficialmente a Irmandade Muçulmana como organização terrorista. Pelo menos cinco pessoas ficaram feridas. Conforme a polícia, um segundo artefato de fabricação caseira foi encontrado nas proximidades e seria detonado a distância quando as forças de segurança chegassem, atraídas pela primeira explosão. Para o governo, o atentado foi mais uma tentativa de desencorajar as pessoas a participarem do referendo constitucional marcado para 14 e 15 de janeiro próximos, o primeiro passo para que aconteça uma eleição. Também nesta quinta, 16 integrantes da Irmandade foram presos acusados de integrarem uma organização terrorista, conforme informações da agência oficial de notícias do país, Mena. Na terça-feira, um carro-bomba atingiu um prédio das forças de segurança egípcias em Mansura, matando pelo menos 14 pessoas, na maioria policiais. Foi por causa desse ataque que a Irmandade foi tachada de terrorista, embora tenha negado envolvimento e um grupo do Sinai, supostamente ligada à rede terrorista Al Qaeda, tenha reivindicado a sua autoria. Com a decisão, as atividades dos milhares de integrantes da Irmandade foram colocadas na clandestinidade, inclusive a eventual realização de manifestações. O jornal da Irmandade, "Liberdade e Justiça", também está proibido. Mesmo a posse de um exemplar pode ser considerada crime. O partido político da Irmandade saiu vitorioso em todas as eleições realizadas desde o fim da ditadura de Hosni Mubarak, em 2011. O presidente eleito em 2012 e deposto em julho passado, Mohamed Mursi, era integrante da Irmandade. Cerca de 450 presos que integram a Irmandade estão em greve de fome há três dias, em protesto contra as más condições do presídio em que estão, em Torá.